domingo, 23 de agosto de 2009

DROGAS: ENFRENTAMENTO E COMPROMISSO

É fato incontestável o razoável aumento do consumo de drogas, seja em grandes e pequenos centros urbanos, na sociedade brasileira, notadamente entre adolescentes. No entanto, infelizmente, já se percebe crianças envolvidas no submundo da dependência química.

Atualmente, a Lei nº 11.343/06 prevê tanto o uso, quanto o comércio de drogas como condutas criminosas. A diferença é que para o crime de uso de drogas a lei não mais admite a pena privativa de liberdade, no que andou bem.

A própria lei entende o dependente químico como um problema de saúde pública, sendo absolutamente ineficaz, seja do ponto de vista individual ou social, aplicar a pena de prisão para a conduta de quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas.

Outro ponto digno de destaque é que o consumo de drogas atinge qualquer jovem independente da condição sócio-econômica. Com efeito, a conclusão a que se chega, convivendo com usuários e respectivos pais, é que o maior desafio nos tempos atuais consiste em trabalhar para que se evite o pernicioso contato com o mundo das drogas.

O trabalho repressivo, que resulta na apreensão de elevadas cargas de maconha, cocaína e ecstasy, por exemplo, é de relevância considerável, além da prisão de traficantes. No entanto, o tráfico de drogas somente subsiste por conta da massa sedenta de usuários incontroláveis. Os EUA é o país que mais investe no poderio repressivo. Contudo, é o que apresenta maior mercado consumidor. Neste sentido, pode-se concluir que a prevenção é o caminho para resolver este problema.

Segundo o espírito Manoel Philomeno de Miranda, o usuário de droga possui constituição emocional frágil, que se deixa arrastar pela “insensatez de traficantes perversos e criminosos que amealham fortunas ignóbeis através do arrebanhamento de multidões de enfermos da alma que lhes tombam nas armadilhas cruéis. A desvalorização da vida, em face da busca do prazer desenfreado, com a exaltação do sexo aviltado, constitui estímulo para as fugas espetaculares da realidade na direção do aniquilamento orgânico – suicídio indireto - em vã expectativa de extinção do corpo.”

Nesta linha de raciocínio, pode-se admitir que a tarefa de educação deve ser levada muito a sério pelos pais, como auxílio imprescindível no processo de construção do caráter dos filhos. O conhecimento espírita possibilita alcançar que o espírito é milenar, uns detentores de maior serenidade emocional e outros nem tanto. A atenção maior, pois, deve-se dar ao filho denominado muitas vezes, preconceituosamente, como “problema”.

Às vezes, rejeitado pelos pais, ainda que inconscientemente, por não apresentar o comportamento esperado, busca nas drogas o meio de se extravasar e, muitas vezes, encontra no ambiente do tráfico respeito e consideração, o que sempre esperou e pouco teve no lar. De uma situação de invisibilidade passa a ser visível, achando, pois, meio de chamar a atenção da família.

A conversa amiga, o diálogo franco e sincero, a orientação adequada e perene, o encaminhamento à evangelização, a realização do culto do Evangelho no lar são alguns dos medicamentos propostos pela terapêutica espírita para o fortalecimento do caráter de espíritos imortais, que nos são confiados neste momento. Trabalho paciente, mas recompensador. Há que se ter esperança.

Artigo publicado no site da Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo / AJE-SP. O autor, TIAGO CINTRA ESSADO é promotor de justiça e Presidente da AJE-SP.

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