domingo, 26 de abril de 2009

Centro Espírita a ser inaugurado brevemente busca trabalhadores para suas atividades

Será inaugurado brevemente o Centro Espírita Renovando Atitudes. O Centro está localizado na Av. Centaurea, 532 - Bairro Cidade Jardim, em Campo Grande-MS, e está precisando de trabalhadores que ajudem a dinamizar as atividades da casa.
Mais informaçoes com Ricardo Goes através do e-mail: goes.correia@gmail.com e do fone (67) 9250-0828.

terça-feira, 14 de abril de 2009

CURSO DE CAPACITAÇÃO DE TRABALHADORES DA ÁREA DE ASSISTÊNCIA E PROMOCÃO SOCIAL ESPÍRITA

Data: 19 de abril de 2009 (Domingo)
Local: Sede da FEMS
Av. Calógeras, 2209 - Centro
Horário: 8h às 17h
(com almoço no local)

Informações:
Federação Espírita de Mato Grosso do Sul
fone: (67) 3324-3757
www.fems.org.br

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Entrevista: Amílcar Del Chiaro Filho (1935-2006)

Reproduzimos aqui a entrevista que o Terra Espiritual realizou com o Amilcar, que desencarnou em novembro de 2006. Ao que tudo indica deve ter sido realizada no ano de 2004. Achamos importante pela visão que ele tinha da vida, da Doutrina Espírita e pelo trabalho que desenvolveu, sempre de forma incansável e com muito otimismo. Com certeza excelentes exemplos.

Ronaldo São Romão Sanches
Espiritismo-MS


Escritor, estudioso, médium, palestrante e divulgador da Doutrina Espírita, Amílcar Del Chiaro Filho é um trabalhador incansável do Espiritismo. Apesar das várias adversidades que enfrentou na vida desde a infância, sempre seguiu em frente em busca da construção de um futuro melhor.

Além de todas essas atividades Amílcar ainda encontra tempo para manter o site Amílcar Website (www.guarulhos.tur.br/sol), onde através de vasto conteúdo fornece informações e esclarecimentos sobre o Espiritismo.
Esta semana a equipe Terra Espiritual teve a oportunidade de entrevistá-lo e reproduz abaixo o teor da entrevista.

TE - Como foi que o senhor se tornou espírita?
ACF - Meu pai foi espírita e desde pequeno ouvi alguma referência sobre reencarnação e manifestações de espíritos, mas não foi este o fator determinante, porque saí de casa muito cedo, aos sete anos, para ser internado num Asilo Colônia para hansenianos, onde fiquei até os 16 anos. O Espiritismo aconteceu em minha vida já em São Paulo, atendendo o convite de uma irmã, Norma Del Chiaro. Isto foi ali por 1954. Na segunda semana que fui ao Centro Espírita inscrevi-me como sócio, retirei O Livro dos Espíritos emprestado da Biblioteca do Centro, e nunca mais parei de estudar. Logicamente precisei de alguns anos para que o conhecimento se sedimentasse em meu íntimo.

TE - Quais foram seus primeiros obstáculos, ao seguir o Espiritismo, e como senhor os superou?
ACF - Não tive grandes obstáculos, inclusive porque foi uma época em que morei sozinho, às vezes em pensões e às vezes no próprio local de trabalho. Nesta fase da minha vida era metalúrgico, trabalhava em "torno de repuxo" numa pequena metalúrgica, e à noite armava minha cama no salão da metalúrgica e dormia. A princípio eu era muito crédulo em relação ao Espiritismo, acreditando em tudo que via ou ouvia, me encantava com livros que só alguns anos depois percebi que não tinha nenhuma qualidade. Encantava-me com oradores, mas pouco a pouco fui desenvolvendo o meu senso crítico. Logicamente continuo admirando autores e oradores, mas sempre usando o bom senso.

TE - Quando e como o senhor descobriu a sua mediunidade?
ACF - Na primeira fase no Espiritismo, embora estudasse bastante, mas sem participar nenhum curso, e sim como autodidata, eu apenas freqüentava o Centro sem me empenhar ou me compromissar. Em 1958 casei-me e vim morar em Guarulhos e participar de um grupo familiar de Espiritismo. Na época Guarulhos tinha um único Centro Espírita organizado, com estatuto e registrado em cartório, mas o Centro ficava no interior do antigo Sanatório Padre Bento, que abrigava hansenianos. A cidade tinha alguns grupos familiares que depois vieram se transformar em Centros Espíritas. Foi nesta época que comecei a sentir os primeiros sinais de mediunidade e me dediquei a educá-la, aprimorá-la. Nesta época o Sanatório Padre Bento passou por grandes transformações, ficando liberada a entrada e saída pela portaria. O Centro Espírita, que existe até hoje e se chama Discípulos do Evangelho, estava passando por uma crise forte porque seus dirigentes já idosos não tinham condições de manter o Centro. Algumas pessoas receberam alta e mudaram-se para outros locais e alguns desencarnaram. Esses acontecimentos me levaram a assumir a direção do Centro, e juntamente com um irmão, hoje desencarnado, mantivemos o Centro aberto. Nesta fase minha mediunidade tomou contornos claros e me ajudou muito, mas nos momentos que estava dirigindo reuniões, separava completamente a minha responsabilidade pessoal da mediunidade.

TE - Que recomendações o senhor daria aos médiuns iniciantes para que possam utilizar adequadamente este talento?
ACF - Em primeiro lugar muito estudo. Conhecer profundamente a obra kardequiana é de vital importância. Lembrar sempre que desenvolver mediunidade é desenvolver sentimentos. Outra coisa importante é saber que o Espiritismo não lhe exige nenhuma santidade, mas apenas honestidade, lealdade e conhecimento. Allan Kardec afirmou na Revista Espírita que, em Espiritismo, antes de crer é preciso compreender. Confiar nos espíritos protetores, porém, compreender que eles são limitados, não sabem tudo e podem se enganar. Não ter receio de questionar autores consagrados, expositores, dirigentes ou médiuns, quando não compreender ou não aceitar determinadas coisas. Mas, acima de tudo amar muito. O amor é a grande energia que pode mudar o mundo.

TE - E para os médiuns que não desejam trabalhar sua mediunidade o que o senhor recomendaria?
ACF - Existem muitos médiuns que nem mesmo sabem que são médiuns. Não podemos encarar a mediunidade como punição, nem problema, porque na maioria das vezes é solução. As pessoas que não querem cultivar a mediunidade deveriam compreender que eles queiram ou não, são médiuns, pois esta é uma faculdade natural do ser humano. Conhecendo a mediunidade pode-se ter controle sobre ela. Repudiando-a, somos dominados por ela. Mais do que ser médium é preciso ser bom, honesto, leal, capaz de amar até mesmo quando não se é amado.

TE - Qual deve ser o comportamento dos pais ao descobrirem que seus filhos, já na infância, possuem mediunidade?
ACF - Os pais devem encarar o fato com naturalidade. Logicamente a criança não tem condições de exercer a mediunidade em plenitude, por isso é preciso controlar a faculdade mediúnica com passes, ambiente sadio no lar. É preciso que se trate com a máxima naturalidade a mediunidade para que a criança perceba que não é nada de excepcional. Mas é preciso, também, tomar cuidado para não se bajular a criança por causa da mediunidade, para que ela não a utilize como instrumento de opressão sobre os pais e familiares.

TE - O que o senhor acha da opinião de alguns estudiosos que acreditam que todos os fenômenos mediúnicos são resultados do inconsciente coletivo?
ACF - Os que falam isto tentam explicar sem explicar. A mediunidade está plenamente comprovada e somente os negadores sistemáticos e os que tenham interesse em negá-la se apegam a qualquer explicação que deixe de fora os espíritos. Desde Pierre Janet até os dias de hoje, muita água já passou por baixo da ponte, mas alguns psiquistas e alguns parapsicólogos continuam com suas idéias cristalizadas como se estivessem ainda no século XIX-.

TE - Que mudanças o Espiritismo trouxe para sua vida?
ACF - O Espiritismo mais do que trazer mudanças na minha, me deu a vida de presente. Minha vida sempre foi muito sofrida, especialmente a partir do três anos de idade. Pobreza, doenças, sofrimentos físicos e morais de grande intensidade. Separação da família, discriminação, preconceitos. Nada disto me levou à revolta ou descrença, mas a uma certa indiferença pela vida e pelos valores estabelecidos. Havia sempre uma indagação: por quê? O Espiritismo foi como a luz do sol na manhã nublada da minha vida. Antes eu apenas vivia. Hoje eu existo e sei que posso mudar a minha vida.

TE - Nas suas obras literárias, notamos que a valorização da vida e a superação das adversidades são temas de destaque. O senhor acha que as pessoas, atualmente, estão sem fé na vida?
ACF - Esta é uma questão em que não se pode generalizar. Muitas pessoas estão à deriva na vida, mas muitas outras são exemplos de dignidade e fé. Os meus livros procuram despertar a fé, o entusiasmo pela vida. Entusiasmo tem em si a raiz grega THEOS, que significa Deus. Quem vive com entusiasmo tem Deus dentro de si. A valorização da vida é muito importante. Eu faço uma palestra sobre a valorização da vida que começa com uma citação de Léo Buscáglia: “A vida é um presente que Deus nos deu. A forma como vivemos é o nosso presente a Deus. Que sua vida seja maravilhosa, emocionante”.

TE - Como surgiu a idéia de criar seu próprio site na Internet?
ACF - Foi a bondade de um amigo. Eu tenho um amigo que se chama Ronaldo Viegas que tem uma empresa que cria HP comerciais. Ele é espírita e um dia estávamos conversando na secretaria do Centro Espírita e ele disse: Vamos criar um site na Internet para você? A princípio relutei, mas acabei aderindo. Esta Página ele não cobra nada, e juntamente com os seus funcionários se dedicam a fazê-la bonita e eficiente. Ela me dá muito trabalho para estar sempre atualizada, mas vale a pena.

TE - Além dos livros e da Internet, que outras atividades o senhor desenvolve dentro do movimento espírita?
ACF - Sou articulista e já escrevi para vários jornais e revistas espíritas. Atualmente não tenho escrito muito para a imprensa escrita, mas pretendo fazê-lo novamente. Mantive colunas em jornais da grande imprensa da nossa cidade. Num deles por dez anos e outro por seis anos. Sou radialista da Rede Boa Nova de Rádio há 27 anos. No momento faço a produção e apresentação dos programas Sol Nas Almas e Gente Como A Gente. Este último é sobre o mundo da pessoa portadora de deficiências. Participo da equipe do Diálogos Espíritas, com o Éder Fávaro, e do Conversa Amiga Com Você e Ação Dois Mil, também com o Éder. Sou produtor do Quem Pergunta Quer Saber e Campanha Boa Nova Pela Paz. Escrevo radionovelas e tenho algumas aparições em televisão. Sou delegado da CEPA 0 - Confederação Espírita Panamericana, para Guarulhos. Sou presidente do Grupo de Estudos e Pesquisas Espíritas Herculano Pires, da cidade de Guarulhos e faço palestras. No ano de 2003 fiz em média 10 palestras por mês, fora do Grupo que participo.

TE - Como o senhor vê o movimento espírita atualmente no Brasil?
ACF - Está muito dividido. Em alguns setores há um certo engessamento, e Espiritismo é liberdade. Ele deveria ser o maior movimento democrático do mundo, mas não é. Infelizmente quando se pensa diferente separa-se, mas não deveríamos nos separar pelas poucas coisas que pensamos diferentes, e sim nos unir por tudo aquilo que pensamos iguais. Eu tenho um imenso amor ao Espiritismo, mas não o julgo como o melhor caminho, o único ou o mais perfeito. Ele é para mim um excelente caminho porque o escolhi, mas tenho sempre em mente que o caminho é extático e o caminhante tem que ser dinâmico.

TE - Na sua visão, porque o Espiritismo ainda não conseguiu se expandir muito em outros países?
ACF - São vários os motivos: tradição, intelectualidade exacerbada, descrença, orgulho. A Europa sofreu duas guerras mundiais que arrefeceu a fé, dando oportunidade à criação da teologia radical da morte de Deus. Além disso, a situação religiosa é ainda parecida com a do tempo do Padre Alta, em Paris, que escreveu um livro intitulado: O Cristianismo do Cristo e o dos Seus Vigários. Contudo, se o Espiritismo não se expandiu nesses países, as idéias espíritas tem tomado conta das conversas, da literatura, do cinema, do teatro e até da imprensa.

TE - Este ano estamos celebrando o bicentenário de Kardec. O senhor acha que ele ainda continua atual?
ACF - Extraordinariamente atual. Os novidadeiros, os reformadores que pensam que conhecem Kardec, porém mal leram as suas obras... É verdade que algumas coisas, especialmente ligados às ciências, pois a ciência do século XIX era muito atrasada em comparação com a atualidade, mas nas questões doutrinárias, os alicerces não podem e não precisam de atualização. Para os novidadeiros só há um remédio: Kardec neles!

TE - Quais são seus projetos atuais?
ACF - Na minha idade os projetos são para os dias próximos. Mas com certeza quero continuar estudando. Estou com mais um livro no prelo, completando o 8º e um que acabei de escrever e que uma amiga minha está revisando, será o 9º - Temos um projeto para o programa Sol Nas Almas. Criei com a minha equipe um Simpósio Sol Nas Almas, para atender instituições espíritas que queiram. Tenho o projeto de continuar vivo, ou encarnado, porque tenho muitas coisas a fazer.

TE - Gostaríamos que o senhor deixasse sua mensagem aos leitores da Terra Espiritual.
ACF - Com muita prazer. — A vida é uma sonata de amor escrita por Deus na pauta do arco-íris – O sol faz a regência – A lua tange a harpa – As estrelas formam o coral – Vocês fazem o contracanto. — Muito obrigado pela oportunidade

TE - Obrigado

Visão Espírita da Páscoa

O Espiritismo não celebra a Páscoa, mas respeita as manifestações de religiosidade das diversas igrejas cristãs, e também não proíbe que seus adeptos manifestem sua religiosidade.

Páscoa, ou Passagem, simboliza a libertação do povo hebreu da escravidão sofrida durante séculos no Egito, mas no Cristianismo comemora a ressurreição do Cristo, que se deu na Páscoa judaica do ano 33 da nossa era, e celebra a continuidade da vida.

O Espiritismo, embora sendo uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das Igrejas Cristãs. Na questão da ressurreição, para nós, espíritas, Jesus apareceu à Maria de Magdalena e aos discípulos, com seu corpo espiritual, que chamamos de perispírito. Entendemos que não houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as leis naturais do nosso mundo para firmar o seu conceito de missionário. A sua doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre, até mesmo a ressurreição.

Isto não invalida a Festa da Páscoa se a encararmos no seu simbolismo. A Páscoa Judaica pode ser interpretada como a nossa libertação da ignorância, das mazelas humanas, para o conhecimento, o comportamento ético-moral. A travessia do Mar Vermelho representa as dificuldades para a transformação. A Páscoa Cristã, representa a vitória da vida sobre a morte, do sacrifício pela verdade e pelo amor. Jesus de Nazaré demonstrou que pode-se Executar homens, mas não se consegue matar as grandes idéias renovadoras, os grandes exemplos de amor ao próximo e de valorização da vida.

Como a Páscoa Cristã representa a vitória da vida sobre a morte, queremos deixar firmado o conceito que aprendemos no Espiritismo, que a vida só pode ser definida pelo amor, e o amor pela vida. Foi por isso que Jesus de Nazaré afirmou que veio ao mundo para que tivéssemos vida em abundância, isto é, plena de amor.

Amilcar Del Chiaro Filho, radialista, escritor, palestrante e divulgador da Doutrina Espírita (1935-2006).