domingo, 26 de outubro de 2008

Palestra "Reencarnações" - 2ª parte, 3m43s

2ª parte da Palestra Espírita de Anete Guimarães,sobre o tema "Reencarnações" realizada no Centro Espírita Casa do Caminho da cidade de Auriflama-SP.


Palestra "Reencarnações" - 1ª parte, 6m35s

Palestra de Anete Guimarães, sobre o tema "Reencarnações" realizada no Centro Espírita Casa do Caminho, da cidade de Auriflama-SP. Nessa primeira parte, ela aborda a questão sob o ponto de vista da religião católica.
Anete Guimarães é expositora espírita muito fluente e didática. Tem realizado palestras e seminários em vários congressos e eventos no país; é pesquisadora da sexualidade humana. É filha da médium, palestrante e dirigente do Grupo Espírita Caminhos da Esperança, da cidade do Rio de Janeiro-RJ, Ana Jaicy Guimarães.

Seminário com Ana Jaicy Guimarães dia 02/11/2008, em Campo Grande-MS: "151 anos de O Livro dos Espíritos"

As palestras são parte do Mês de Kardec, promovidas pelo Movimento Unificado no MS: Instituto de Cultura Espírita de MS, Federação Espírita de MS e Instituições Espíritas Especializadas.
Ana Jaicy Guimarães é Professora, médium e oradora espírita há mais de 30 anos, tendo realizado palestras, seminários e conferências em todo Brasil, Índia e Estados Unidos. É Diretora do Centro Espírita Caminho da Esperança, no Rio de Janeiro-RJ.

02/11 - domingo - das 8 às 12 horas
na Câmara Municipal de Campo Grande
mais informações com Girofel, fone: (67) 9903-9606

Programação das Palestras com Ana Jaicy Guimarães

As palestras são parte do Mês de Kardec, promovidas pelo Movimento Unificado no MS: Instituto de Cultura Espírita de MS, Federação Espírita de MS e Instituições Espíritas Especializadas.
Ana Jaicy Guimarães é Professora, médium e oradora espírita há mais de 30 anos, tendo realizado palestras, seminários e conferências em todo Brasil, Índia e Estados Unidos. É Diretora do Centro Espírita Caminho da Esperança, no Rio de Janeiro-RJ.

em São Gabriel do Oeste-MS
Dia 30/10/2008 - quinta-feira - 19h30m
no Grupo Espírita Aprendizes de Kardec (GEAK)
Rua Rio Grande do Sul, 1.420

mais informações: Sra. Rita Lúcia - f. (67) 9962-7474

em Dourados-MS
31/10/2008 - sexta-feira - 19h30m
mais informações com Sra. Jovina Nevoleti, fone: (67) 9971-9585 ou Maria Fernanda, f.one: (67) 9635-5759

em Campo Grande-MS
01/11/2008 - sábado - 19h30m
na Câmara Municipal de Campo Grande
mais informações com Girofel, fone: (67) 9903-9606

sábado, 25 de outubro de 2008

KARDEC E A VISÃO DE FUTURO

por José Passini
Ao fazermos uma análise da personalidade de Kardec, buscando conhecer-lhe a cultura, aliada à profunda identificação com o Evangelho, não devemos ter por objetivo apenas homenagear-lhe a memória. Devemos vê-lo como alguém que veio para cumprir uma promessa de Jesus. Devemos avaliar-lhe a estatura espiritual, não para que apenas nos encantemos, mas a fim de nos conscientizarmos da nossa condição de beneficiários da sua obra, desse acervo imenso de esclarecimentos, que marcaram efetivamente uma nova etapa na evolução humana.
É necessário pensarmos em Kardec na sua época, a fim de avaliar-lhe o avanço no tempo em relação ao pensamento predominante de então. Precisaríamos, todos nós, ter a possibilidade de transportar-nos, de caminhar para o passado, a fim de sentirmos a época, com seus costumes e, principalmente, com suas limitações. Só assim poderíamos observar com justeza o avanço do pensamento de Kardec em relação aos seus contemporâneos, e até de muitos dos atuais pensadores das searas religiosas, políticas e sociais.
A Igreja, recém-saída da Inquisição – em Portugal terminou, por decreto da Regência, em 1821 – ainda impunha o seu poder. Nos países, ditos católicos, não havia separação entre o Estado e a Igreja. Para se ter idéia desse poder, é só lembrarmos que em 9 de outubro de 1861, na Espanha, foram queimadas, em praça pública, 300 obras espíritas, legalmente importadas da França, no assim chamado Auto-de-fé em Barcelona.
Entretanto, apesar da forte pressão dominadora exercida pela Igreja, no sentido de ser mantida a sua versão do Cristianismo, durante o século XIX, em algumas partes da Europa ocorria uma libertação quase rebelde de muitos intelectuais, em relação às pregações religiosas, que já não mais conseguiam convencê-los. O descompasso entre a religião e a ciência tornava-se cada vez mais agudo, ensejando um desencanto que levou muitos espíritos lúcidos à tomada de posições eminentemente materialistas, criando o ambiente para o surgimento do Positivismo, doutrina que visa à superação dos estados teológico e metafísico, negando tudo o que não fosse fisicamente mensurável, e preparando o terreno para o materialismo do século XX.
No campo social, a mensagem religiosa servia apenas para coonestar o egoísmo vivenciado pelos poderosos, sem que houvesse a mínima ação no sentido de amenizar a desumana e angustiosa situação das classes trabalhadoras, notadamente dos operários. É dessa época a famosa frase atribuída a Karl Marx: “A religião é o ópio do povo.” E realmente o era, pois se constatava facilmente a imensa distância que havia entre a mensagem simples, fraterna, amorosa e atuante de Jesus, e aquilo que era oferecido como Cristianismo pela Igreja, totalmente comprometida com o poder temporal.
Kardec não se curva à Igreja, mas não adere ao materialismo seco e destrutivo, como tantos pensadores do seu tempo. Sua visão de missionário permite-lhe discordar daquilo que a Igreja oferecia como verdade e possibilita-lhe uma proposta religiosa a ser experienciada principalmente fora dos templos. Uma religião a ser vivida em clima de liberdade, tanto na área do sentimento, quanto da razão, conforme os ensinamentos e exemplos de Jesus.
Diante da atuação de Kardec, seria difícil enquadrá-lo nas áreas do conhecimento humano. Revela-se como teólogo ao dialogar com os Espíritos Superiores a respeito de Deus, demonstrando independência e superioridade de pensamento em relação aos seus contemporâneos, quando formula a pergunta: “Que é Deus?”1
Isso dito numa época em que grandes pensadores estavam ainda atrelados à idéia de um Deus antropomórfico, portador de limitações humanas, quanto à forma e aos atributos. O Codificador demonstra que sua visão de Deus é cósmica e está em perfeita consonância com os avanços da Astronomia, que, caminhando à frente das religiões, já demonstrara àqueles “que têm olhos de ver” que o Universo conhecido era maior do que o Deus ensinado por elas.
Entretanto, sua concepção científica da grandeza cósmica de Deus não o impediu de resgatar a figura do Pai justo, providente, amoroso e infinitamente misericordioso, conforme os ensinamentos de Jesus, contrapondo-se frontalmente à criação dos teólogos: o Inferno de penas eternas, dentro do contexto cristão. Nesse campo, revela o Codificador a sua condição também de educador e de penólogo, ao examinar com impecável lucidez temas como Céu, Purgatório e Inferno, principalmente na obra O Céu e o Inferno. Entretanto, se abriu as portas do Inferno, demonstrou que as do Céu não se descerram à custa de ofícios religiosos encomendados, de legados post mortem, mas através do esforço individual, intransferível e consciente de cada Espírito, conforme sentenciou Jesus: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me.”2
A reencarnação, rejeitada e ridicularizada àquela época, mereceu-lhe análise clara, profunda e irretorquível, em tese que o futuro, que vivemos hoje, tem consagrado como vitoriosa, uma vez que até o presente não existe nenhum trabalho sério que a conteste.
Demonstra com clareza a imortalidade da alma, não apenas como artigo de fé, estribada em dogmas, mas no campo da experimentação científica, através do resgate do exercício da mediunidade, prática que seria objeto de estudos levados a efeito na área acadêmica, primeiramente sob o nome de Metapsíquica e, mais tarde, de Parapsicologia.
Revelou-se sociólogo eminentemente cristão ao dialogar com os Espíritos sobre questões sociais, pondo em evidência temas que outras religiões só décadas mais tarde viriam discutir.
O trabalho, ensinado no meio religioso como castigo, é mostrado como oportunidade enobrecedora de colaboração na obra de Deus. Pela primeira vez o relacionamento entre capital e trabalho é tratado no meio religioso, com sérias advertências àqueles que, abusando do poder de mandar, impõem excessivo trabalho a seus inferiores, pois eram comuns na Europa as jornadas de trabalho excederem a doze horas. Pela primeira vez, na história do Cristianismo, alguém cria ambiente para que Espíritos Superiores advirtam o homem, em nome de Deus, a respeito da responsabilidade no emprego do poder: “(...) Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus.”3 Enquanto as vozes religiosas se calavam, Kardec inquire os Espíritos a respeito do direito do trabalhador de repousar depois de ter dado o vigor de sua juventude em trabalho: “Mas, que há de fazer o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?” 4 A resposta lapidar, que deveria servir de epígrafe e inspiração para muitos discursos sociológicos e religiosos: “O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade.”4 Só 31 anos depois da edição definitiva de O Livro dos Espíritos, a encíclica Rerum Novarum, em l891, revela algum despertamento do meio católico para o tema.
Relativamente à escravidão, os poderes religiosos também se mantinham calados até então, impedidos de erguer a bandeira abolicionista por estarem comprometidos com aqueles que se beneficiavam com o trabalho escravo. Contra esse ignominioso domínio de um ser humano sobre outro, manifestaram-se os Espíritos, falando em nome de Deus, graças às perguntas de Kardec, que, com isso, inseriram conceitos de moral religiosa num campo eminentemente social.
Nove anos antes da publicação da obra Sujeição das Mulheres, de Stuart Mill, que é tida como uma das molas propulsoras do movimento feminista, Kardec publica o diálogo que manteve com os Espíritos Superiores e comentários seus, analisando a igualdade dos direitos do homem e da mulher, enquanto as demais correntes cristãs mantinham, e ainda mantêm em seu próprio seio, posições altamente discriminatórias, em que a mulher continua como subalterna, malgrado os exemplos dignificantes de Jesus.
Ao perguntar aos Espíritos: “Será contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?”5, recebendo dos Espíritos a resposta – “É um progresso na marcha da Humanidade.” –, o Codificador demonstra conceituar o casamento como ato eminentemente moral, mútuo compromisso assumido no âmbito da consciência de um homem e de uma mulher, acima de toda e qualquer bênção sacerdotal ou da assinatura de um documento civil. Evidenciada por Kardec há um século e meio, essa a visão que se tem hoje, quando cada vez mais prospera o entendimento de que ninguém casa ninguém; as criaturas se casam, e só elas são responsáveis pela manutenção do vínculo livremente estabelecido. É digna de nota a posição do Codificador, pois se de um lado esclarece, libertando a criatura dos grilhões criados por uma bênção sacerdotal – pretensamente dada em nome de Deus –, por outro, chama-lhe a atenção para os compromissos assumidos perante o altar de sua própria consciência. O valor que Kardec atribui ao casamento está perfeitamente explicitado no comentário feito ao tratar do assunto: “(...) A abolição do casamento seria, pois, regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes.”6
Numa época em que as religiões não discutiam o papel da família, por julgá-la estabelecida em função de sacramento ministrado em nome de Deus – embora, em alguns casos, até mesmo contra a vontade de quem o recebia –, Kardec, antevendo atitudes e questionamentos futuros, analisa e discute com os Espíritos Superiores o papel do instituto familiar. Obteve respostas esclarecedoras dos Espíritos, situando a família como núcleo insubstituível da educação humana, núcleo formado não em função de uma evolução social, mas decorrente de desígnio divino. Por isso, o Espiritismo já tinha resposta antecipada às duras contestações que viriam décadas mais tarde, quando regimes totalitários pretenderam instituir um modelo de educação da criança pelo Estado e, mais tarde ainda, através das propostas de “vida livre” levadas a efeito pelos hippies e daqueles que lhes partilharam as idéias.
Ao assumir veemente combate contra a pena de morte – enquanto setores religiosos se mantinham silenciosos ou mesmo coniventes –, Kardec tira o “não matarás” de dentro dos templos, levando-o à discussão penal e social, antecipando-se, em décadas, a campanhas que surgiriam bem mais tarde.
O imenso abismo cavado entre a Ciência e a Religião pelos estudos de Copérnico e Galileu alargou-se ainda mais com a publicação da obra Da Origem das Espécies, de Charles Darwin. Coube a Kardec o papel histórico de construir uma ponte luminosa, ligando Ciência e Religião. Contestando o Criacionismo, põe em evidência a evolução do Espírito, que caminha pari passu com a evolução física demonstrada por Darwin, ao tempo em que resgata diante da consciência humana um dos atributos básicos de um Ser Perfeito: a Justiça. Tudo promana de uma mesma fonte, todos partimos de um mesmo ponto, dotados da mesma potencialidade evolutiva, conforme ensinaram os Espíritos: “(...) É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. (...)” 7 Por conhecer essa luz divina, imanente em toda a Criação, é que Jesus lançou o desafio evolutivo: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (...)”.8
Não se pretendeu aqui fazer uma análise exaustiva da obra de Kardec, nem da sua capacidade como filósofo, educador ou teólogo. Buscou-se enfocar apenas o avanço do seu pensamento, em relação aos seus contemporâneos. Kardec transcende sua época, enxergando além dos interesses, da cultura, do meio social e religioso em que convive.
Se o Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail tivesse publicado suas obras sem revelar os diálogos com os Espíritos e o seu aspecto religioso, por certo a França o teria incluído entre seus filósofos, conforme já o fizera entre seus grandes educadores.
No decorrer deste milênio, quando o dogmatismo religioso e o academicismo enfatuado se fizerem menos presentes, e quando não estiverem tão distanciados das verdades do Evangelho puro, Kardec certamente será estudado nas universidades, será “descoberto” como um gênio do século XIX, maravilhando Espíritos que já terão reencarnado para o estabelecimento de diretrizes educativas dos tempos novos. Nessa ocasião, terão dificuldade em situá-lo numa área do saber humano, em face do domínio revelado por ele no campo da sociologia, do direito, da educação, da filosofia e, principalmente, da teologia.
A marca inquestionável da sua condição de grande missionário é o fato de o seu pensamento não estar preso ao lugar e à época. Seu pensamento vigoroso projeta-se no futuro, numa antevisão terrena dos caminhos da Humanidade. Espiritualmente falando, não é antevisão, é simplesmente a recordação dos temas humanos que mereceram seu estudo, sua análise minuciosa, no Espaço, antes de reencarnar-se. Guardadas as devidas proporções, é o mesmo fenômeno que se deu com Jesus que, transcendendo os conhecimentos, os interesses, as aspirações – a própria cultura da época – fez abordagens de assuntos incomuns e deixou ensinamentos e diretrizes evolutivas para os séculos porvindouros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, q. 1.
2 Mateus, 16:24.
3 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, q. 684.
4 Idem, ibidem, q. 685a.
5 Idem, ibidem, q. 695.
6 Idem, ibidem, q. 696 (Comentário). 7Idem, ibidem, q. 540. 8Mateus, 5:16.

Fonte: revista Reformador, da FEB, de Outubro 2004

A TAREFA DE ALLAN KARDEC

Gigantesca pela sua complexidade e difícil, graças aos muitos problemas, a tarefa de Allan Kardec, em plena metade do século XIX.
Exatamente no momento em que as mentes mais esclarecidas se libertavam da imposição dogmática, dando início à era da investigação racional com as armas frias da pesquisa científica, quando os postulados religiosos padeciam a pública desmoralização cultural dos seus aranzéis metafísicos, ele se permitiu adentrar pelos dédalos das dúvidas, a fim de aplicar os recursos da época na constatação da experiência imortalista.
Munido de uma inteligência invulgar e profunda acuidade racional, caracterizado por um senso de observação pouco comum, agiu com isenção emocional no exame dos fenômenos mediúnicos, deles retirando a vasta documentação filosófica que integra o Espiritismo.
Atuando sem pressa, e meticulosamente, não se permitiu influenciar por pessoas, idéias preconcebidas ou fatos isolados.
Em todos os momentos, esteve sempre munido de vigilância estóica, a fim de permanecer indene às agressões de adversários e aos encômios de amigos.
Trabalhando sistemática e ordeiramente, a pouco e pouco, do fenômeno mediúnico puro e simples arrancou a Doutrina Espírita, formulando questões momentosas, genéricas e específicas, sobre as vá­rias e incontáveis inquietações em que se aturdia o espírito humano, recebendo significativas e sábias respostas, que transcorridos mais de cento e vinte anos [em 1977] permanecem atuais, nada se lhes podendo retirar ou acrescer.
Como é certo que os abençoados Mensageiros do Mundo Espiritual sempre deram esclarecimentos pouco comuns, face à estrutura e profundidade dos conceitos emitidos, não menos notáveis são os assuntos propostos que fomentaram e inspiraram os diálogos que permanecem insuperáveis.
Respondendo à crítica honesta com a lógica dos fatos, Kardec desmitificou a mediunidade, estabelecendo uma perfeita metodologia para o seu exercício, oferecendo instruções de segurança, ao mesmo tempo em que analisava os seus problemas e dificuldades com um critério absolutamente justo e seguro.
Situou muito bem, e distintas, as posições do médium e dos Espíritos, as diferenças entre opiniões isoladas e a universalidade do ensinamento espírita, não se arrogando quaisquer situações de relevo ou chefia, antes pautando a conduta em plano de nobreza invulgar, especialmente se considerarmos a época em que a presunção, a fatuidade e o orgulho descabido mais se exaltavam.
Cordial e acessível, não se fez vulgar nem comum a pretexto de uma popularidade que, afinal, nunca lhe interessou.
Sabendo, exatamente, qual a missão que lhe cumpria desempenhar, ateve-se ao ministério com reta austeridade, envidando todos os esforços até a consunção das forças para o seu desempenho.
Soube repelir com elevação de propósitos a mordacidade dos frívolos e a perseguição gratuita da ignorância, sem deixar-se espezinhar pela mesquinhez de combates e balbúrdias dos precipitados.
Manteve-se sóbrio no opinar e meditativo no exame das ruidosas ocorrências do campo das afirmações sem base. Tudo caldeou, confrontou e aferiu até que brilhasse no diamante da verdade o enfoque puro, em forma de lição libertadora de consciências.
Sem jactância, não se arreceava corrigir o que fosse necessário, e embora não se fizesse portador da última palavra, denunciava o erro onde este se encontrasse, mantendo-se digno, sem descer, porém, à disputa injustificável ou ao palavrório insensato.
Não era fácil o empreendimento!
Num campo eivado de superstições, crendices e lendas, qual o que se referia aos Espíritos desencarnados - por uns considerados deuses, anjos, demônios; por outros temidos ou envoltos nas confusas práticas da magia e do absurdo, e ainda desacreditados e sempre confundidos por certa estirpe de pensadores presunçosos que se tinham em tal posição cultural que lhes parecia humilhação qualquer envolvimento com eles -, Allan Kardec demonstrou por processo claro e científico tratar-se simplesmente das almas dos homens que viveram na Terra, cada um prosseguindo conforme suas aquisições morais. Desmitificou a morte, fechada em enigmas e cercada pelo conceito do sobrenatural, perdida no fantasioso e no absurdo, provando que morrer é somente mudar a forma de viver sem transformação intrínseca por parte daquele que se transfere de um para outro plano vibratório.
Provou à saciedade a paranormalidade dos fenômenos, retirando das fantasias e do medo quanto dizia respeito à Vida Espiritual, comprovando que o inabitual é normal, jamais sobrenatural ou fantástico ...
Corrigiu o conceito em torno do "culto aos mortos", cercado que vivia esse culto por excentricidades e liturgias totalmente vãs, fundamentando as instruções libertadoras na informação correta dos próprios mortos, sempre vivos além da cortina carnal...
Antecipou, através do exame dos fatos e das informações, incontáveis labores da Ciência, que os vem confirmando no suceder das décadas, havendo oferecido à Doutrina Espírita uma estrutura firme, científica, no contexto das suas afirmações.
Quando a fenomenologia medianímica, exuberante e farta, atraiu a atenção de sábios outros de várias especialidades científicas, estes, após demorados e respeitáveis trabalhos, apresentaram os seus relatórios sem nada acrescentar aos resultados publicados pelo gênio de Lyon, cuja probidade intelectual e científica o guindou à condição de verdadeiro criador da técnica metapsíquica de investigação, a princípio, e parapsicológica, depois.
Por essas e outras considerações o Espiritismo veio e ficou, dirimindo dúvidas e tornando-se guia seguro no báratro da vida hodierna, em favor de uma existência sadia e útil entre os homens, livre e ditosa no além-túmulo.
Ainda permanece incompreendido e sofre combate o insigne Codificador. Isto, porém, em nada o diminui ou desmerece. Pelo contrário, só o agiganta ...
No momento em que variam as técnicas das "Ciências da alma", no estudo da personalidade humana dos problemas que lhe são correlatos, o Espiritismo conforme a Codificação Kardequiana, é a resposta clara e insofismável para as aflições que se abatem sobre o homem, dando cumprimento à promessa de Jesus quanto ao Consolador, de que este, em vindo à Terra não somente Lhe recordaria as lições, como também esclareceria, confortaria e conduziria o ser através dos tempos ...

Vianna de Carvalho

*Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 04/06/1977, em Paris, França. Transcrita de REFORMADOR de dezembro de 1977, p. 368-369. Fonte: revista Reformador, da FEB, de outubro de 2002

sábado, 11 de outubro de 2008

O Livro dos Espíritos completa 151 anos

O Livro dos Espíritos completa 151 anos

A obra, que no original é “Le Livre des Esprits”, é o primeiro registro sobre a doutrina espírita publicado pelo educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, porém, mais conhecido no mundo pelo pseudônimo de Allan Kardec.

É o marco zero do Espiritismo e um dos livros mais vendidos, com 30 milhões de exemplares, e foi lançado por Kardec após seus estudos sobre os fenômenos que, segundo muitos pesquisadores contemporâneos, possuíam origem mediúnica, e estavam difundidos pelo Velho Continente no decorrer do século XIX.

A edição apresenta-se na forma de indagações, isto é, perguntas e respostas dirigidas, ao que Kardec afirmava serem dos espíritos, totalizando 1.019 tópicos. Foi o primeiro de uma série de cinco editados pelo pedagogo sobre o mesmo tema.

Estruturalmente, a primeira edição do “Livro dos Espíritos” tinha 176 páginas e foi publicado em formato grande, com os textos distribuídos em duas colunas.

A publicação era composta por 501 perguntas e suas respectivas respostas, divididas em três partes :“Doutrina Espírita”, “Leis Morais” e “Esperanças e Consolações”.

Rapidamente, o livro se tornou popular, inicialmente, na França, país de origem. Em seguida, como um rastilho de pólvora, espalhou-se por toda a Europa. As médiuns que serviram a esse trabalho foram inicialmente Caroline e Julie Boudin (respectivamente, 16 e 14 anos à época), às quais mais tarde se juntou Celine Japhet (18 anos à época) no processo de revisão do livro.

Após o primeiro esboço, o método das perguntas e respostas foi submetido a comparação com as comunicações obtidas por outros médiuns franceses, totalizando em “mais de dez”, nas palavras de Kardec, o número de médiuns cujos textos psicografados contribuíram para a estruturação de O Livro dos Espíritos, publicado em 18 de Abril de 1857, na capital francesa, contendo 550 itens.

Edição revisitada

Foi devido à segunda edição, lançada em 16 de março de 1860, com ampla revisão de Kardec, mediante o contato com grupos espíritas de cerca de 15 países da Europa e das Américas, que aparecem as atuais 1019 perguntas e respostas. Comparando as duas edições do “Livro dos Espíritos”, a segunda veio mais que o dobro de perguntas e respostas diante da primeira. Outra mudança é que, dessa vez, a obra estava dividida em quatro partes: “Das causas primárias”, “Do mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos”, “Das Leis Morais” e “Das Esperanças e Consolações”.

“A todos os deserdados da Terra, a todos quantos avançam ou caem, regando com as lágrimas o pó da estrada, diremos: lede ‘O Livro dos Espíritos’, ele vos tornará mais fortes.

Também aos felizes, aos que em seu caminho só encontram as aclamações da multidão e os sorrisos da fortuna, diremos: estudai-o e ele vos tornará melhores”.

João Cabral -
Associação dos Divulgadores do Espiritismo de Sergipe