segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Palestra: A Vida e Obra de Adolfo Bezerra de Menezes, dia 29/08/2009


Local: INSTITUTO DE CULTURA ESPÍRITA DE MATO GROSSO DO SUL
Data: 29/08/2009 - sábado - Horário: 19h 30min
Tema: " A Vida e Obra de Adolfo Bezerra de Menezes "
Palestrante: PAULO MENDONÇA.

Rua 26 de Agosto, 850 - Centro
mais informações: fone (67) 3042-2770
Campo Grande-MS
CEP 79002-081
e-mail:
icems@icems.org.br

domingo, 23 de agosto de 2009

As Teorias sobre a Origem da Vida e a Visão Espírita

“No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Gênesis, 1:1-3.

Estes belos ensinamentos, contidos no primeiro livro do pentateuco judaico, acrescidos de toda a descrição da criação do mundo, segundo o autor, vem sendo constantemente ponto de discussão acirrada, onde criacionistas e evolucionistas tentam provar qual das teorias estaria verdadeiramente certa.

A busca da compreensão da origem do Universo e, conseqüentemente, da origem da Vida, tem sido uma constante para a Humanidade que, no entanto, se esquece, na sua presunção, de que tal procura se confunde com a própria essência do Criador e que para tal nos falta “o sentido”, como nos afirmam os Espíritos da Codificação sobre as possibilidades do homem de compreender a Deus.

Apesar das limitações humanas, é dever da Ciência encontrar respostas para os anseios de todos, tentando explicar-nos as causas, das quais resultou o maravilhoso espetáculo da vida. Sendo assim, ainda ficam para a maioria as perguntas: A vida surgiu por acaso ou a partir de uma vontade superior? Os seres vivos sempre tiveram a aparência atual ou sofreram transformações ao longo do tempo? Os animais de diferentes espécies apresentam algum grau de parentesco? Temos um ancestral comum?

Os conflitos fizeram-se mais intensos no século dezoito, quando surgiram novas teorias que contradiziam as idéias criacionistas, que preponderavam até então.

O marco maior desses conflitos ocorreu em 1859, com a publicação do livro A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural, de Charles Darwin. Para Darwin, a vida resultou de mutações aleatórias da matéria a partir de modelos extremamente simples. E foi evoluindo por meio de uma seleção adaptativa dessas mutações, atendendo à necessidade de sobrevivência. Dentro de sua teoria, a vida teria começado espontaneamente no momento em que uma sopa primordial de elementos químicos básicos, submetida às condições da Terra primitiva, produziu pela primeira e única vez uma molécula replicante. A partir daí, mudanças graduais, ao acaso, permitiram o surgimento de seres cada vez mais complexos.

Dessa maneira, a evolução seria uma repetição incessante da reprodução, onde a geração anterior passaria para a próxima os genes herdados de seus antepassados, quando poderiam ocorrer pequenos erros, chamados de mutações, as quais, de forma aleatória, provocariam as mudanças progressivas nas espécies; e, no decorrer das gerações, essas mutações seriam selecionadas, atendendo à necessidade de sobrevivência daqueles grupos.

Essas colocações escandalizaram à Igreja e aos seguidores da Teoria Criacionista. É importante, porém, lembrarmos que elas não foram as primeiras idéias evolucionistas, que Lamarck já havia trazido uma abordagem neste sentido e que, num período anterior e muito próximo, Kardec já trazia ao mundo uma idéia nova, oriunda dos ensinamentos dos Espíritos, os quais reuniam posturas criacionistas e evolucionistas em uma só teoria.

Com o surgimento das idéias darwinistas e a comprovação de muitos de seus postulados, a Ciência, quase como um todo, foi assumindo a conceituação evolucionista, de tal forma que, na maioria dos países, inclusive no Brasil, ela é a única teoria sobre a origem da vida estudada nas escolas.

No entanto, é importante ressaltar que o darwinismo não é uma teoria acabada e comprovada, existindo, hoje, várias abordagens que a reforçam ou retratam-na, buscando dar explicações mais consistentes, de acordo com a evolução dos conhecimentos científicos. No início do século vinte, os cientistas Wilhelm Johannsen (inventor do termo “gene”), e Thomas Morgan (pai da teoria cromossômica da hereditariedade) deduziram que novas espécies surgiam de uma única grande mutação e não da seleção natural.

Mooto Kimura, outro geneticista, retomou a teoria neutralista, afirmando que a maioria das mudanças evolutivas, no âmbito da genética molecular, seriam neutras, ou seja, não dependentes da seleção natural.

Em 1972, os paleontólogos Stephen Jay Gould (Harvard) e Niles Eldredge (Museu de História Natural de Nova York) trouxeram uma nova abordagem, vista por muitos como complementar ao darwinismo, que afirma que a evolução acontece em saltos rápidos, quando populações pequenas desenvolvem, em períodos de não mais que 10.000 anos, novas características para se adaptar a um certo ambiente. Depois, essas espécies tendem a manter-se constantes por milhões de anos. Esse modelo explicaria a ausência de fósseis que mostrem claramente a mutação das espécies ao longo de bilhões de anos. Todo o desenvolvimento dessas idéias não foi o suficiente para sepultar a visão criacionista, que, no momento atual, se utiliza da própria biologia, da bioquímica e da matemática para sofisticar os argumentos a favor dessa última abordagem.

No entanto, é preciso lembrar que a teoria criacionista defendida pelos fundamentalistas religiosos é diferente daquela apresentada por este grupo de estudiosos. Para aqueles, que se fazem radicais em sua abordagem, a teoria da origem da vida resume-se nas seguintes premissas:

– O Universo, a energia e a vida foram criados do nada por Deus;

– Os organismos complexos não surgiram de formas mais simples da vida, através de mutações aleatórias;

– As variações entre os seres vivos limitam-se dentro de cada espécie;

– Os homens e macacos têm ancestrais distintos;

– A geologia terrestre é explicada pelo catastrofismo, a começar pelo dilúvio registrado na Bíblia;

– E a Terra é jovem, tendo menos de 10.000 anos.

Os estudiosos modernos vinculados à teoria do criacionismo afirmam terem razões não religiosas para acreditarem em suas abordagens. Para eles, a complexidade da vida requer a existência de um “planejamento inteligente”. Esta teoria já estava presente no século treze, quando Tomás de Aquino, um dos príncipes da Igreja Católica, usou o argumento da complexidade da vida como uma das provas da existência de Deus. Entretanto, o neocriacionismo, como é agora conhecido, embora defenda o “planejamento inteligente”, foge dos raciocínios metafísicos e esotéricos do passado, buscando na bioquímica suas maiores bases. Um dos principais defensores dessas idéias é o bioquímico Michael Behe, professor da Universidade Lehigh, na Pensilvânia (EUA), autor do livro A Caixa Preta de Darwin. Para ele, “a teoria de Darwin pode explicar cascos de cavalos, mas não os alicerces da vida”.

Os neocriacionistas defendem que a vida não tem nada de aleatório, seguindo a este chamado “planejamento inteligente”. A maior prova disto estaria na complexidade dos sistemas celular e molecular, os quais seriam verdadeiras máquinas cujas partes, embora independentes, estariam interligadas estreitamente e a ausência de um único componente do sistema seria o suficiente para impedir o seu funcionamento.

Exemplos dessa situação encontraríamos em estruturas como o olho humano e o sistema de coagulação sangüínea; eles só são capazes de funcionar quando todos os elementos estão presentes e em perfeitas conexões. Para eles, essa engenharia complexa não poderia ser fruto de mudanças aleatórias.

O físico Grichka Bogdanov, em seu livro Deus e a Ciência, explicando o surgimento das moléculas de nucleoproteínas, afirma: “Para que a agregação dos nucleotídeos conduzisse ‘por acaso’ à elaboração de uma molécula de ARN utilizável, teria sido preciso que a natureza multiplicasse, às apalpadelas, as tentativas, durante pelo menos 10 a(potência) 15 anos, ou seja, durante cem mil vezes mais tempo que a idade do nosso Universo” (p. 52).

Outro elemento usado para confirmar esse posicionamento encontra-se no fato de até hoje não termos registros de animais transicionais (um fóssil que fosse exatamente uma transição de uma espécie para a outra).

Michael Behe afirma em seu citado livro: “Dizer que a evolução darwiana não pode explicar tudo na natureza não equivale a dizer que a evolução, a mutação aleatória e a seleção natural não ocorram. Elas foram observadas (pelo menos nos casos de microevolução) em muitas ocasiões diferentes. Tal como os analistas de seqüência, acredito que a prova confirma convincentemente a ascendência comum.” E continua, posteriormente: “Ninguém jamais explicou de forma detalhada, científica, como a mutação e a seleção natural poderiam construir as estruturas complexas, intricadas, discutidas neste livro.” (Cap. 8, p. 179.)

Para esse grupo de estudiosos, o mundo da bioquímica está repleto de sistemas irredutivelmente complexos, verdadeiras máquinas químicas, precisas e interdependentes, que exigem uma amarração que está muito além da coincidência. Tal abordagem não é, entretanto, uma defesa direta da existência de Deus, como defendida pela maioria das religiões, mas sim de um “plano inteligente”, que necessita ainda de pesquisa para sua melhor compreensão, mas sem o qual ficam incompreensíveis muitas das situações presentes no processo evolutivo.

Chega para nós, com uma alegria e satisfação, a teoria espírita do surgimento da vida, a partir de um Criador, que é “Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as cousas”, mas que segue suas próprias leis, que são as da Natureza em si, para realizar todo o processo evolutivo. Reúnem os Espíritos as duas teorias, retirando delas toda a postura radical, buscando desenvolver o conhecimento de forma racional e crítica.

O Espiritismo entende, como nos ensina Kardec, no seu livro A Gênese, que o texto retratado no início deste artigo, como tantas outras formas mitológicas e místicas de narração da criação do mundo, seria aquele de possível compreensão para aquele povo, em determinado momento da História, e não uma visão acabada do fato; não passaria de forma alegórica, para as mentes ainda infantis, no campo do conhecimento científico.

Sobre a criação dos mundos e do surgimento dos seres vivos, recolhemos alguns ensinamentos contidos em O Livro dos Espíritos, no capítulo III, da sua primeira parte (Ed. FEB):

– “É fora de dúvida que ele [o Universo] não pode ter-se feito a si mesmo. Se existisse, como Deus, de toda a eternidade, não seria obra de Deus.”

– “Tudo o que a esse respeito se pode dizer e podeis compreender é que os mundos se formam pela condensação da matéria disseminada no Espaço.”

– “No começo tudo era caos; os elementos estavam em confusão. Pouco a pouco cada coisa tomou o seu lugar. Apareceram então os seres vivos apropriados ao estado do globo.”

Sobre a questão da evolução dos seres a partir de um elemento comum e das suas características individuais, assim se expressam os mesmos Espíritos, na pergunta 611, do citado livro:

– “Duas coisas podem ter a mesma origem e absolutamente não se assemelharem mais tarde. Quem reconheceria a árvore, com suas folhas, flores e frutos, no gérmen informe que se contém na semente donde ela surge? Desde que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entrar no período da humanização, já não guarda relação com o seu estado primitivo e já não é a alma dos animais, como a árvore já não é a semente. De animal só há no homem o corpo e as paixões que nascem da influência do corpo e do instinto de conservação inerente à matéria.”

Ainda sobre o surgimento da Terra e a criação da vida e o seu processo evolutivo, recolhemos fragmentos do capítulo III, da primeira parte do livro Evolução em Dois Mundos, autoria espiritual de André Luiz, psicografado pelos médiuns Francisco C. Xavier e Waldo Vieira (Ed. FEB), que se ajustam aos postulados neocriacionistas, explicando-os com clareza:

“A matéria elementar, de que o eletrão é um dos corpúsculos-base (...) acumulada sobre si mesma, ao sopro criador da Eterna Inteligência, dera nascimento à província terrestre (...).”

“A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida (...).”

“Dessa geléia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações...”

“Aparecem os vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formado por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princípios inteligentes ou mônadas fundamentais, que se destacam da substância viva, por centros microscópicos de força positiva, estimulando a divisão cariocinética.”

“Evidenciam-se, desde então, as bactérias rudimentares, cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução (...).”

“O tempo age sem pressa, em vagarosa movimentação no berço da Humanidade, e aparecem as algas nadadoras (...).”

“Mais tarde, assinalamos o ingresso da mônada, a que nos referimos, nos domínios dos artrópodos (...).”

“Avançando pelos equinodermos e crustáceos, entre os quais ensaiou, durante milênios, o sistema vascular e o sistema nervoso, caminhou na direção dos ganóides e teleósteos, arquegossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossáurios, no jurássico superior, chegando à época supracretácea para entrar na classe dos primeiros mamíferos, procedentes dos répteis teromorfos (...).”

“Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos (...).”

Vemos, então, a Doutrina Espírita permanecendo com os seus ensinamentos, nestes quase cento e cinqüenta anos de existência, como recurso para o aprendizado da Humanidade, não fugindo aos estudos e pesquisas que vêm sendo desenvolvidos, demonstrando com clareza a grandiosidade do Criador, não por uma postura mágica ou miraculosa, mas pelas suas leis que se fazem presentes em todo o Universo, construindo uma história da Criação condizente com a sua Justiça, a sua Verdade, mas, acima de tudo, com o seu Amor.

Em sua lógica, quebra as fantasias dos mitos existentes em todos os povos sobre a criação do Universo, entendendo e respeitando esses relatos como formas adequadas a cada tempo para a compreensão dos fatos, sustenta idéias que vêm sendo progressivamente revistas e serão comprovadas em tempo hábil, provando a existência de Deus, a supremacia de suas Leis e a teoria da evolução direcionada por um “planejamento inteligente”; determina, porém, os limites do conhecimento humano, pelas suas condições evolutivas, quando Kardec, em O Livro dos Espíritos, na pergunta 613, comenta:

“O ponto inicial do Espírito é uma dessas questões que se prendem à origem das coisas e de que Deus guarda o segredo. Dado não é ao homem conhecê-las de modo absoluto, nada mais lhe sendo possível a tal respeito do que fazer suposições, criar sistemas mais ou menos prováveis. Os próprios Espíritos longe estão de tudo saberem e, acerca do que não sabem, também podem ter opiniões pessoais mais ou menos sensatas.”

Artigo publicado na Revista Reformador, de agosto de 2003. O autor do artigo, Roberto Lúcio Vieira de Souza é Médico Psiquiatra, Vice-Presidente da AME-Brasil, Diretor Clínico do Hospital Espírita André Luiz (BH), Psiquiatra e Psicoterapeuta do Instituto de Assistência Psíquica Renascimento (BH) é autor dos livros:
- O Homem Sadio - Uma Nova Visão - Espíritos Diversos - co-autoria Alcione Albuquerque
- Mediunidade Com Jesus - Carlos (espírito)
- Porque Adoecemos vols I e II -co-autor
- Desafios em Saúde Mental - co-autor
- Depressão -Uma abordagem médico-espírita (co-autor)
- Saúde e Espiritismo - co-autor
- Das Patologias aos Transtornos Espirituais - Uma abordagem médico-espírita da obra de Manoel Philomeno de Miranda - co-autor
- Conversando sobre a Sexualidade.
veja mais artigos de
Roberto Lúcio Vieira de Souza no Portal Espiritualista

IV Congresso de Saúde e Espiritualidade de MG, acontecerá em Belo Horizonte-MG, de 28 a 30 de agosto de 2009.

O IV Congresso de Saúde e Espiritualidade de MG, terá como tema "Saúde, Paz e Consciência - Construindo o cidadão do séc. XXI". Abordará a experiência humana sob a perspectiva da imortalidade, com ênfase na aliança entre ciência e espiritualidade no entendimento do processo saúde-doença.
Será discutido o entendimento da saúde, sob a ótica espiritista, como a real conexão criatura-criador, buscando dissecar os mecanismos que nos afastam e religam ao Pai nos caminhos da vida.
As inscrições estão abertas e poderão ser feitas pelo site www.amemg.com.br , pelo tel. (31) 3332-5293 ou pessoalmente na sede da AME- MG, à rua Conselheiro Joaquim Caetano, 1160 - Nova Granada, Belo Horizonte/MG.

MEDNESP 2009 - Consciência, Espiritualidade e Saúde: Desafios na Prática Profissional

O VII Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME Brasil), realizado entre os dias 11 e 13 de junho, em Porto Alegre (RS), foi um grande sucesso. Sediado na Universidade Federal do Rio Grande Sul, foi a primeira vez em 14 anos que ocorre fora do estado de São Paulo e contou com cerca de mil e trezentos congressistas.
Durante os três dias, 50 oradores ministraram palestras de temas de Neurociência e Psiquiatria, aspectos de clínica médica e das diversas especialidades e questões bioéticas.
Durante o evento, houve o lançamento de dois livros: "O Passe como Cura Magnética", de autoria da dra. Marlene Nobre - pres. da AME Brasil - e "A Vida do Anencéfalo - aspectos científicos, religiosos e jurídicos", de vários autores.
Estes livros estão disponíveis para aquisição na livraria virtual da FE Editora e as palestras em DVDs na loja virtual da AME- Brasil. O próximo MEDNESP será realizado em 2011, na cidade de Belo Horizonte (MG), em parceria com os membros da AME Minas Gerais.

Confira as fotos do evento.

Inteligência Artificial: Em busca da consciência e da personalidade

Julio Peres

As neurociências têm trazido importantes avanços relativos à compreensão da “linguagem” neural. Por exemplo, o treinamento de controle de um braço robótico através de um circuito fechado de interface cérebro-máquina é possível hoje em macacos, e num futuro próximo possivelmente ocorrerá em humanos (Nicolelis and Chapin, 2002). As implicações terapêuticas serão marcantes em vítimas de traumas que interromperam a comunicação entre o cérebro preservado e a motricidade dos membros.

O desafio maior de uma parte considerável das neurociências é decifrar como correntes de pulsos elétricos/químicos, varrendo o sistema nervoso central são, de alguma maneira, traduzidas em consciência, pensamentos e emoções. A despeito dos avanços, a possibilidade da leitura computacional da linguagem neural não esclarece a questão da criação ou mediação cerebral em relação aos fenômenos mentais. Contudo, a hipótese de que a mente seja um epifenômeno (subproduto) neural motivou pesquisadores a reproduzir artificialmente as redes computacionais visando em última instância a criação do “Eu”.

Estudos sobre comportamentos intermediados por processos neurais inconscientes (memórias implícitas, reflexos cognitivos, tratamento de estímulos sensoriais e ações/respostas automáticas, etc.) suportam o funcionamento cerebral como um refinado sistema computacional. As abordagens neurocientíficas convencionais postulam não conclusivamente que a consciência seja uma propriedade emergente de interações complexas entre os neurônios.

Contudo, se fosse possível realmente reproduzir um sistema nervoso, essencialmente neurônio por neurônio, numa bancada computacional, a consciência se manifestaria? Estudiosos da Inteligência Artificial (IA) como Christof Koch, Terry Winograd e Hans Moravec respondem que sim e inferem que as propriedades físicas do cérebro e do sistema nervoso criam a mente. Uma importante parcela de investigadores acredita ser possível construir algoritmicamente a alma humana (Devoto, 1992).

Nos últimos 15 anos observamos linhas de pesquisas sobre personalidade, psicologia transcultural, ciência cognitiva, física, engenharia e neurociências combinadas em um número crescente de investigações sobre sistemas computacionais que procuram emular o tratamento humano de informações (Pew and Mavor, 1998).

A personalidade e as expressões emocionais são os principais atributos diferenciais entre os humanos e humanóides controlados por redes computacionais. Assim, grande esforço tem sido feito para dissecar e reproduzir o irretorquível número de variáveis (personalidade, temperamento, emoções, representação e a articulação simbólica do conhecimento, inclinações idiossincráticas, coerência situacional, flexibilidade adaptativa, etc.) que compõem a humanidade.

Ishiguro e Nishio (2007), entre outros investigadores, justificam que o desenvolvimento de inteligências artificiais em robôs andróides pode trazer uma melhor compreensão da própria natureza humana. Na tentativa de dissecar os elementos constituintes da personalidade para então combiná-los computacionalmente, algumas definições objetivas, porém parciais, foram adotadas como referenciais de partida. Por exemplo, o modelo Cinco Fatores de Personalidade, usado inicialmente em vários projetos de IA, postula que a personalidade se organizaria hierarquicamente em apenas cinco fatores (McCrae & John, 1992).

Abordagens recentes mais complexas estudam características da personalidade, da emoção e da cultura, como plataforma para o desenvolvimento de mapas cognitivos computacionais. Segundo investigadores de IA os sistemas mais avançados (ex. ACT-R/PM, COGNET/iGEN®, EPIC/GLEAN, KISMET, OMAR, Repliee, Soar) compartilham vários princípios válidos à compreensão dos elementos que aproximam máquinas de humanos. Por exemplo, Kismet é uma expressiva “criatura” robótica com modalidades perceptuais e motoras adaptadas aos canais de comunicação natural aos humanos.

O robô é equipado com dispositivos visuais, auditivos, sensoriais e proprioceptivos, além de recursos que permitem vocalizações, expressões faciais, sinais comunicativos motores e capacidade para ajustar o olhar na direção dos olhos da pessoa com quem interage (Breazeal, 2000). Porém, o refinamento da chamada Arquitetura Personalizada de Cognição, que supostamente permitiria a criação de representações do comportamento humano com variabilidade sobre a personalidade, a emoção e até certo ponto dimensões culturais, não alcançou expressão individual do Eu, tal como ocorre em humanos.

A despeito de algumas crianças identificarem um robô humanóide como agente e não como um objeto (Arita et al., 2005), os ingredientes dinâmicos constituintes da personalidade, que tornam um ser único, não foram ainda encontrados pelos investigadores. Em suma, tais robôs se comportam mais como autômatos inteligentes do que como pessoas reais com bases motivacionais e emocionais que afetam a cognição e o comportamento.

Uma revisão recente dos avanços conceituais e empíricos nesse campo demonstra que as variáveis interindividuais da personalidade são demasiadas para a modelagem de uma arquitetura da personalidade (Cervone, 2005). A engenharia computacional não conseguiu criar o senso de individualidade carregado de emoções, temperamento, desejos e livre-arbítrio nos robôs, e que assim se tornariam “criaturas”. A mais avançada complexidade computacional não contém os ingredientes da vida anímica ou da consciência. Assim postulam outros investigadores de IA: a dinâmica cerebral, e seu funcionamento quântico, vai muito além das propriedades computacionais e não pode ser modelada como uma rede neural que obedece aos princípios da física clássica (Hameroff, 2001; Kurita, 2005).

Lembramos que Penfield (1978), depois de seus estudos com estimulação elétrica do cérebro in vivo para mapear as funções corticais, advertiu que as redes neurais isoladamente não seriam capazes de produzir a consciência, afirmando: “A mente tem uma existência distinta do cérebro, embora esteja intimamente relacionada a ele... Não há local no córtex cerebral onde a estimulação elétrica fará o paciente decidir.” Consideramos que o cérebro seja um complexo mediador do livre-arbítrio e da vida anímica, provedores do desenvolvimento da personalidade através das vidas sucessivas.

Referências Bibliográficas
Arita A, Hiraki K, Kanda T, Ishiguro H. (2005). Can we talk to robots? Ten-month-old infants expected interactive humanoid robots to be talked to by persons. Cognition. 95(3):B49-57.
Breazeal, C. (2000), “Sociable Machines: Expressive Social Exchange Between Humans and Robots”. Sc.D. dissertation, Department of Electrical Engineering and Computer Science, MIT.
Cervone D. (2005). Personality architecture: within-person structures and processes. Annu Rev Psychol. 56:423-52.
Devoto R. (1992). Is it possible to build up an algorithm of the human soul? Acta Psiquiatr Psicol Am Lat. 38(2):103-11.
Hameroff S. (2001). Consciousness, the brain, and spacetime geometry. Ann N Y Acad Sci. 929:74-104.
Ishiguro H, Nishio S. (2007). Building artificial humans to understand humans. J Artif Organs. 10(3):133-42.
Kurita Y. (2005). Indispensable role of quantum theory in the brain dynamics. Biosystems. 80(3):263-72.
McCrae, R., & John, O.P. (1992). An introduction to the Five-Factor Model and its applications. Journal of Personality, 60, 175-215.
Nicolelis MA, Chapin JK. (2002). Controlling robots with the mind. Sci Am. 287(4):46-53.
Penfield W. (1978). The Mistery of Mind – A critical study of consciousness and the human brain. Princetown University Press.
Pew R. & Mavor A. (eds.) (1998). Modeling Human and Organizational Behavior: Application to Military Simulations. Wash., DC: National Academy Press.

Artigo publicado no jornal Folha Espírita, edição de novembro de 2008.
O autor Julio Peres é psicólogo clínico, doutor em Neurociências e Comportamento pela USP e realizou pós-doutorado pelo Centro Espiritualidade e Mente da Universidade Pensilvânia, EUA.

DROGAS: ENFRENTAMENTO E COMPROMISSO

É fato incontestável o razoável aumento do consumo de drogas, seja em grandes e pequenos centros urbanos, na sociedade brasileira, notadamente entre adolescentes. No entanto, infelizmente, já se percebe crianças envolvidas no submundo da dependência química.

Atualmente, a Lei nº 11.343/06 prevê tanto o uso, quanto o comércio de drogas como condutas criminosas. A diferença é que para o crime de uso de drogas a lei não mais admite a pena privativa de liberdade, no que andou bem.

A própria lei entende o dependente químico como um problema de saúde pública, sendo absolutamente ineficaz, seja do ponto de vista individual ou social, aplicar a pena de prisão para a conduta de quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas.

Outro ponto digno de destaque é que o consumo de drogas atinge qualquer jovem independente da condição sócio-econômica. Com efeito, a conclusão a que se chega, convivendo com usuários e respectivos pais, é que o maior desafio nos tempos atuais consiste em trabalhar para que se evite o pernicioso contato com o mundo das drogas.

O trabalho repressivo, que resulta na apreensão de elevadas cargas de maconha, cocaína e ecstasy, por exemplo, é de relevância considerável, além da prisão de traficantes. No entanto, o tráfico de drogas somente subsiste por conta da massa sedenta de usuários incontroláveis. Os EUA é o país que mais investe no poderio repressivo. Contudo, é o que apresenta maior mercado consumidor. Neste sentido, pode-se concluir que a prevenção é o caminho para resolver este problema.

Segundo o espírito Manoel Philomeno de Miranda, o usuário de droga possui constituição emocional frágil, que se deixa arrastar pela “insensatez de traficantes perversos e criminosos que amealham fortunas ignóbeis através do arrebanhamento de multidões de enfermos da alma que lhes tombam nas armadilhas cruéis. A desvalorização da vida, em face da busca do prazer desenfreado, com a exaltação do sexo aviltado, constitui estímulo para as fugas espetaculares da realidade na direção do aniquilamento orgânico – suicídio indireto - em vã expectativa de extinção do corpo.”

Nesta linha de raciocínio, pode-se admitir que a tarefa de educação deve ser levada muito a sério pelos pais, como auxílio imprescindível no processo de construção do caráter dos filhos. O conhecimento espírita possibilita alcançar que o espírito é milenar, uns detentores de maior serenidade emocional e outros nem tanto. A atenção maior, pois, deve-se dar ao filho denominado muitas vezes, preconceituosamente, como “problema”.

Às vezes, rejeitado pelos pais, ainda que inconscientemente, por não apresentar o comportamento esperado, busca nas drogas o meio de se extravasar e, muitas vezes, encontra no ambiente do tráfico respeito e consideração, o que sempre esperou e pouco teve no lar. De uma situação de invisibilidade passa a ser visível, achando, pois, meio de chamar a atenção da família.

A conversa amiga, o diálogo franco e sincero, a orientação adequada e perene, o encaminhamento à evangelização, a realização do culto do Evangelho no lar são alguns dos medicamentos propostos pela terapêutica espírita para o fortalecimento do caráter de espíritos imortais, que nos são confiados neste momento. Trabalho paciente, mas recompensador. Há que se ter esperança.

Artigo publicado no site da Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo / AJE-SP. O autor, TIAGO CINTRA ESSADO é promotor de justiça e Presidente da AJE-SP.

A CONSTRUÇÃO DA ESPIRITUALIDADE NA MEDICINA

Dra. Marlene Nobre
Presidente da AME-Brasil


Cada vez mais, “minorias criativas” (1) buscam a integração entre Fé e Razão, tendo em vista que é impossível compreender o mundo, o universo e o próprio ser humano, sem as luzes de um paradigma, de um modelo, que contemple todas as áreas das cogitações humanas. As revoluções conceituais da física , no século XX, muito contribuíram para essa nova visão da realidade, demonstrando que a matéria cedeu lugar à energia, o tempo é variável, o movimento descontínuo, a interconectividade não localizada, e a consciência é capaz de influir nos eventos, selecionando possibilidades. Nesse novo tempo, especialistas passaram a enxergar o ser humano de forma integral, conectado a uma imensa rede invisível, que engloba todas as coisas, do micro ao macrocosmo, e não têm nenhum pudor em reconhecer a complementaridade entre Ciência e Religião, valorizando a integração da Espiritualidade à vida humana.

Neste site, você acompanhará todos os desdobramentos do novo paradigma para a saúde proposto pelo Espiritismo e também notícias de outras propostas de Medicina e Espiritualidade. Esperamos que ele possa lhe ser útil.

Cada vez mais, “minorias criativas” (1) buscam a integração entre Fé e Razão, tendo em vista que é impossível compreender o mundo, o universo e o próprio ser humano, sem as luzes de um paradigma, de um modelo, que contemple todas as áreas das cogitações humanas. As revoluções conceituais da física , no século XX, muito contribuíram para essa nova visão da realidade, demonstrando que a matéria cedeu lugar à energia, o tempo é variável, o movimento descontínuo, a interconectividade não localizada, e a consciência é capaz de influir nos eventos, selecionando possibilidades. Nesse novo tempo, especialistas passaram a enxergar o ser humano de forma integral, conectado a uma imensa rede invisível, que engloba todas as coisas, do micro ao macrocosmo, e não têm nenhum pudor em reconhecer a complementaridade entre Ciência e Religião, valorizando a integração da Espiritualidade à vida humana.

Foi assim que ganhou impulso, na década 1970, uma dessas minorias criativas, formada por médicos que buscam implantar nas universidades estudos de Medicina e Espiritualidade. Sob essa denominação, já há cursos regulares ou opcionais, e também de pós-graduação, em 2/3 das universidades americanas, entre outras, nas Escolas Médicas de Harvard, com Herbert Benson, judeu, de Duke, com Harold Koenig, católico, do Novo México, com William Miller, luterano. Afirmamos, com renovada alegria, que nós, médicos espíritas, fazemos parte de uma dessas minorias criativas que tenta levar Espiritualidade às universidades, porque os fundamentos da Medicina Espírita estão em sintonia com o que é realizado, hoje, na maioria das universidades norte-americanas.

A obra do ilustre físico e humanista Fritjof Capra, especialmente, O Ponto de Mutação , está na vanguarda dessa luta em favor de um novo paradigma para a humanidade, em particular para a Medicina, com sua proposta de Assistência Holística à Saúde, que contempla o ser humano integral – Mente-Corpo. Nessa luta por um novo modelo de saúde, engajou-se também o físico quântico, Amit Goswami, com sua teoria sobre a Consciência, exposta em sua obra, especialmente, O Universo Autoconsciente. Nela, ele sustenta que a Consciência está fora da matéria, sendo, na verdade, fonte criadora do mundo material.

Hoje, tanto quanto nos séculos XIX e XX, há fortes evidências científicas da existência do Espírito. Pesquisadores, em sua maioria não espíritas, têm investigado casos de Experiências de Quase Morte (EQM), Visões no Leito de Morte, Experiências Fora do Corpo, Transcomunicação Instrumental e Reencarnação, acumulando evidências em favor da sobrevivência da alma.

O neuropsiquiatra, Peter Fenwick, os cardiologistas Michael Sabom e Pim Van Lommel, os psiquiatras, Raymond Moody Jr , Elizabeth Kübler-Ross e Sarah Kreutziger, o pediatra Melvin Morse, os psicólogos, Kenneth Ring, Phillis Atwater e Margot Grey, entre outros, relataram casos de EQM, contando o que centenas de sobreviventes da morte vivenciaram, quando foram considerados clinicamente mortos. A conclusão dos pesquisadores e dos sobreviventes é de que algo imaterial sobrevive à morte do corpo físico.

Na alentada obra Reincarnation and Biology, de Ian Stevenson , professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Virgínia, EUA, constatamos também, nos 2.600 casos pesquisados, não apenas evidências da sobrevivência do espírito, mas igualmente da reencarnação, podendo-se acompanhar, inclusive, a correlação entre as marcas de nascença e os defeitos congênitos da existência atual com as vivências anteriores.

Hoje, já há centenas de trabalhos publicados em revistas científicas prestigiadas, como The Lancet, New England Journal of Medicine; British Medical Journal, JAMA etc. sobre o valor da prece na terapêutica (ver site: www.ncbi.nlm.nih.gov, do NIH). Do mesmo modo, experiências realizadas pelo psicólogo brasileiro, Júlio Peres, em parceria com o neurocientista, Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, EUA, evidenciaram áreas do cérebro em funcionamento, que são ativadas e rebaixadas, durante as sessões de Terapia por Regressão de Memória, realizadas com pacientes do Instituto Nacional de Terapia de Vivências Passadas (INTVP) do Brasil. Essas pesquisas, somadas às que o dr. Newberg realizou com pessoas em estado de vigília e meditação, mostram um campo promissor para o estudo do Espírito e sua atuação sobre a matéria.

No Japão, Massaru Emoto, após 8 anos de investigação, publicou o livro, Messages from the Water, mostrando como a água pode formar cristais perfeitos ou não, conforme a ação exercida sobre ela pelos pensamentos e sentimentos humanos. Tanto as experiências de Andrew Newberg e Júlio Peres, quanto as de Massaru Emoto trazem subsídios importantes para validar a Terapêutica Complementar Espiritual e entreabrem novos campos para a pesquisa em medicina energética.

Hoje, com o progresso vertiginoso da Ciência e, igualmente, o aumento maciço das doenças da alma, é imperioso que esses cursos de Medicina e Espiritualidade se multipliquem nas Escolas Médicas do mundo. A mudança de mentalidade, porém, não é nada fácil. Há três séculos, a ênfase tem sido para a visão de um ser humano esquizofrênico, dividido entre as investigações científicas e a busca religiosa, consideradas e alimentadas como irreconciliáveis. Esse paradigma antigo, materialista reducionista , está calcado no predomínio do egoísmo sobre o amor, do intelecto sobre o sentimento, e tem sido responsável pelo recrudescimento da violência, da ambição sem freios, dos vícios, da intolerância religiosa e das grandes desigualdades e calamidades sociais. Nele, o ser humano é reduzido tão-somente às funções neuroquímicas do cérebro, destituído de qualquer elemento imaterial que anime suas células. Com esse modelo, não haverá paz no mundo.

Contra ele, a favor da integração espírito-matéria, coloca-se o movimento em prol da Medicina e da Espiritualidade. Com a preponderância deste modelo, que tem na solidariedade uma de suas importantes vigas-mestras, acreditamos que os médicos estarão muito mais aptos a lidar com a dor humana, esforçando-se por diminuir os sofrimentos e angústias dos seus irmãos em humanidade.

Notas: (1) Expressão do historiador Arnold Toynbee, que designa grupos minoritários de pessoas, defensoras de mudanças evolutivas, em contraposição, à grande maioria, arraigada à mentalidade arcaica.
(2) Tese desenvolvida no seu livro O Universo Autoconsciente

Artigo publicado no site da Associação Médico-Espírita do Brasil

As causas espirituais da hipertensão

A doutrina espírita afirma que a causa das nossas doenças está no espírito, e as lesões do corpo físico são projeções doentias do pensamento e dos sentimentos, mais especificamente do ego, da personalidade ou máscara.

“No caso da hipertensão arterial, do ponto de vista da Medicina puramente materialista, suas causas podem ser renais, glandulares e cardio-circulatórias, porém, a mais comum é de origem desconhecida, a chamada hipertensão essencial. Mas, no paradigma espírita, a causa está no espírito”, declara Júpiter Villoz Silveira, médico endocrinologista e vice-presidente da Associação Médico-Espírita (AME) de Londrina (PR), que tratou do tema no IV Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita (Medinesp 2003).

Júpiter lembra que o neurologista Antônio Carlos Costardi, de Taubaté (SP), autor de vários livros sobre a mente, entre eles Um condomínio chamado família, faz essa afirmação há anos. “Costardi nos diz que a hipertensão arterial sistêmica ocorre em pacientes com personalidade controladora, que, ao perderem o controle de uma determinada situação, geram um sentimento de raiva que, descarregado sobre o seu próprio corpo somático, produz, entre outras coisas, a hipertensão arterial”, afirma.

Para provar a tese de que todas as pessoas hipertensas têm personalidade controladora e traçar um perfil psicoespiritual do hipertenso, Júpiter convidou, naquela ocasião, aleatoriamente, pacientes hipertensos, tanto de seu consultório, como da instituição Casa do Caminho, de Londrina, que estivessem dispostos a participar do trabalho de investigação. As pessoas escolhidas foram de ambos os sexos, de 20 a 50 anos. Posteriormente, elas foram encaminhadas ao Instituto Reviver, clínica do médico Cláudio Sproesser, que trabalha com as doutoras Eliane Alves de Andrade e Marilene Moreli Padoa, onde passaram por testes em que foi avaliada a história detalhada de suas doenças e promovidos testes psicológicos. “Após anamnese detalhada e aplicação de testes como o Warteg, eles encontraram os seguintes resultados: intolerância, pessoas dominadoras e baixa auto-estima”, relata (a anamnese é a informação sobre o princípio e evolução de uma doença até a primeira observação do médico, e os testes de Warteg são avaliações psicológicas do paciente). “Entre a população avaliada, a intolerância e o comportamento dominador obtiveram um perfil de 100%. Já em relação à baixa auto-estima, o índice constatado foi de 90% e o nível de estresse dessa população está numa escala altíssima”, completa Júpiter.

De acordo com Júpiter, aqueles que apresentam faixa etária acima de 40 anos e/ou aqueles que fumam, independentemente da idade, segundo a literatura médica, já estão na probabilidade da ocorrência de apresentarem ou já estarem apresentando alterações cardio-vasculares. “Mas, podemos afirmar que, independentemente do grau de cultura, a conscientização quanto à espiritualidade é fator predominante no equilíbrio da qualidade de vida do paciente”, diz.

Júpiter Silveira também aponta que, através dos protocolos avaliados, é possível identificar carac-terísticas quanto ao “eu” do indivíduo na sua afe-tividade, a sua ambição, sexualidade e proteção. “Pode-se notar algumas características comuns entre essas pessoas, como insegurança, busca de proteção, negação da sua individualidade, repressão da angústia, objetivos indefinidos e dificuldades quanto a sua sexualidade. Cabe ressaltar que também foram constatadas outras características distintas, sendo algumas positivas”, lembra.



Centro coronário

Segundo André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas. Dele, parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.

“A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se, automaticamente, de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes e infelizes de sua motivação consciencial no campo do destino”, finaliza Júpiter.

Na obra de André Luiz fica muito claro que o espírito é o responsável, através de seus sentimentos em desequilíbro, pelas lesões perispiríticas que se traduzem como doenças no corpo físico.

Artigo publicado na edição nº 44 da Revista Cristã de Espiritismo e na revista Caminho Espiritual nº 1.

Que ciência é essa?

José Herculano Pires
Encarando-o por uma perspectiva puramente cultural, o Espitismo é filho da era científica. No plano religioso, ele se apresenta como o desenvolvimento histórico do Cristianismo. Numa visão espiritual, é a III Revelação do processo judeu-cristão, prometida pulo próprio Cristo, para quando os homens estivessem em condições de compreendê-lo.


Esta colocação do problema espírita é suficiente para mostrar sua complexidade e, ao mesmo tempo, revelar a leviandade dos que procuram denegrí-lo sem o conhecer. Proponho-me a tratar aqui do problema específico da Ciência Espírita, essa desconhecida. Mas, como é natural em se tratando de doutrina tão complexa e admiravelmente estruturada, serei obrigado, de vez em quando, a me referir aos problemas de outras áreas, que se ligam à questão científica.

Muitas pessoas me perguntam, quando me refiro a essa questão: "Que ciência é essa?" Em geral, considera-se o espiritsmo como uma espécie de seita religiosa. Entre os próprios espíritas, fala-se muito em Ciência Espírita, mas ninguém sabe explicar do que se trata. É natural que isso aconteça, num país em que só agora o nível cultural do povo está se elevando, o que não permitiu o real desenvolvimento dos estudos espíritas, sempre realizados de maneira canhestra, sem o método e o rigor ncessários. Mas, o tempo chegou, e nele estamos, em que as imprecisões e as confusões devem ser superadas o mais depressa possível.

Não tenho a pretensão de ser mestre no assunto, mas estou seguro de conhecê-lo o suficiente para corresponder à confiança do amigos do Jornal Espírita, que me convidaram a tratar do assunto. Tudo farei para acertar e me considerarei muito feliz, se os leitores quiserem me ajudar com suas sugestões e suas correções, no caso de algum deslize. No Espiritismo, somos todos aprendizes e devemos ajudar-nos mutuamente, sem vaidade e sem melindres, se quisermos tocar com a ponta dos dedos a fimbria da túnica da Verdade. Vamos aos fatos.

Parece-me bastante clara a posição de Kardec, ao afirmar que as Ciências, até o seu tempo, só tratavam de questões materiais, deixando às religiões os problemas espirituais. Essa anomalia chegou até os nossos dias, apoiada em pressupostos filosóficos, como os do criticismo de Kant, que negavam a possibilidade de conhecermos racionalmente as questões fundamentais do espírito. Mas agora, as coisas se modificaram, diante dos resultados surpreendentes do avanço científico do nosso século. E o importante é que esses resultados confirmam o acerto de Kardec, ao tratar da necessidade de uma Ciência do Espírito que, segundo ele afirmava, deve andar de mãos dadas com a Ciência da Matéria.

A lógica de Kardec é irretorquível. Toda a realidade que conhecemos decorre de um processo dialético produzido pela relação constante e a universal interação de espírito e matéria. Nada é só espírito e nada é só matéria. Desde o átomo até às galaxias, às constelações no Infinito, o Universo conhecido se apresenta como o resultadoda ação do espírito sobre a matéria e da reação desta sobre aquele. É um equívoco a luta ideológica entre Materialismo e Espiritualismo. A Ciência, no pleno sentido do termo, não pode limitar-se apenas a um dos aspectos da realidade.

Essa posição de Kardec seria suficiente para mostrar a grandeza do seu gênio, mas os homens de ciência, apegados a uma terminologia rígida, entenderam que Kardec se enganava, tomando o que chamavam de força ou energia por espírito, além disso, convencidos de que os problemas espirituais pertenciam ao passado supersticioso da humanidade, revoltaram-se com a pretensão de Kardec e passaram a tratá-lo como um visionário.

Um século depois, vemos a Ciência da Matéria tocando, com os dedos trêmulos de Tomé, as chagas da verdade crucificada, que ressuscita em seu corpo espiritual. Naturalmente, há resistência no campo científico e os sabichões (como Richet os classificou) continuarão ainda por muito tempo a bater a cabeça contra o muro da evidência. Mas, o número de cientistas que aceitam hoje a tese de Kardec (mesmo sem conhecê-la) aumenta sem cessar em todo o mundo, até mesmo as áreas do materialismo estatal. Chegará o momento, já bem próximo, em que os sabichões também terão de curvar-se ante a verdade evidente.

A Ciência Espírita não tem por finalidade combater ou superar a Ciência da Matéria, mas apenas dar-lhe as mãos para um trabalho em conjunto. As questões científicas não se resolvem com palavras, através da pesquisa. E a pesquisa científica não pode furtar-se à realidade dos seus próprios resultados.

As conquistas mais recentes da pesquisa científica material levaram a cultura do século a uma encruzilhada decisiva. O fantasma do Espiritismo, que só assustava as religiões, está agora transformando os laboratórios científicos em casas mal-assombradas. Mas, como os cientístas em geral não acreditam em assombrações, nem tem o Diabo, é de esperar-se que o fantasma seja bem sucedido nessas incursões. Os verdadeiros cientistas acabarão fazendo-se amigos e companheiros desse intrujão. Como previu Sir Oliver Lodge, homens e espíritos passarão a trabalhar juntos.

Artigo de J. Herculano Pires, publicado no Jornal Espírita, edição nº 1, de julho de 1975.

II Encontro de Jovens Espíritas de Campo Grande-MS, dia 20/09/09

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

ASSEIO VERBAL

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só o que for bom para promover a edificação”
Paulo (Efésios, 4:29)

Quanto mais se adianta a civilização, mais se amplia o culto à higiene.
Reservatórios são tratados, salvaguardando-se o asseio das águas.
Mercados sofrem fiscalização rigorosa, com vistas à pureza das substâncias alimentícias.Laboratórios são continuamente revistos, a fim de que não surjam medicamentos deteriorados.
Instalações sanitárias recebem, diariamente, cuidadosa assepsia.
Será que não devemos exercer cautela e diligência para evitar a palavra torpe, capaz de situar-nos em perturbação e ruína moral?
Nossa conversação, sem que percebamos, age por nós em todos aqueles que nos escutam.
Nossas frases são agentes de propaganda dos sentimentos que nos caracterizam o modo de ser; se respeitáveis, traz-nos a atenção de criaturas respeitáveis; se menos dignas, carreiam em nossa direção o interesse dos que se fazem menos dignos; se indisciplinadas, sintonizam-nos com representantes da indisciplina; se azedas, afinam-nos de imediato, com os campeões do azedume.
Controlemos o verbo, para que não venhamos a libertar essa ou aquela palavra torpe. Por muito esmerada nos seja a educação, a expressão repulsiva articulada por nossa língua é sempre uma brecha perigosa e infeliz, pela qual perigo e infelicidade nos ameaçam com desequilíbrio e perversão.

* pelo Espírito Emmanuel / Médium: Francisco Cândido Xavier. do livro Centelhas, Editora FEB.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Lei de Progresso

781 - É permitido ao homem deter a marcha do progresso? -Não, mas pode entravá-la algumas vezes.781-a - Que pensar dos homens que tentam deter a marcha do progresso? -Pobres seres que Deus castigará; serão arrastados pela torrente que pretendem deter.782 - Não há homens que entravaram o progresso de boa fé, acreditando favorecê-lo, porque o vêem segundo o seu ponto de vista e freqüentemente onde ele não existe? -Pequena pedra posta sob a roda de um grande carro sem impedi-lo de avançar.

Esses trechos de O Livro dos Espíritos, mostram que a lei do progresso é tratada ali não apenas como inevitável, mas impiedosa. As palavras aplicadas são taxativas: serão arrastados... pequena pedra posta sob a roda, ou seja, não há como deter o progresso. Mas o que é o progresso, como caracterizá-lo, de que forma ele se impõe soberano e irresistível? Kardec comenta : ninguém tem o poder de se opor a ele. É uma força viva que as más leis podem retardar, mas não asfixiar.Para ele, “o homem... deve chegar ao fim determinado pela Providência; ele se esclarece pela própria força das circunstâncias”.

O progresso é o resultado da insatisfação. Essa insatisfação se manifesta de forma imprecisa, como um mal-estar pessoal e depois vai se tornando concreta, avoluma-se. Então corroe o sistema atual, cria ambiente para ousadias e rompimentos, a princípio localizadas e depois generalizadas.O progresso é um processo, um constante mover-se no tempo e no espaço. Segundo Kardec, ele é promovido pela infiltração das idéias das revoluções morais, sociais, ao longo do tempo e, aparentemente, explodem sem razão, fazendo “ruir o edifício carcomido do passado”.

Como o progresso necessariamente promove tumulto, provoca resistências e cria, muitas vezes, um certo pânico, Kardec adverte que “o homem geralmente não percebe, nessas comoções, mais do que a desordem e a confusão momentâneas que o atingem nos seus interesses materiais.... mas a Providência faz que do mal surja o bem. São a tempestade e o furacão que saneiam a atmosfera , depois de a haverem revolvido”. O diálogo transcrito na questão 784 é extremamente esclarecedor.- A perversidade do homem é bastante intensa e não parece que ele está recuando,em lugar de avançar, pelo menos do ponto de vista moral?-Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que ele avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e dia a dia corrige os seus abusos. É preciso que haja excesso do mal, para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas.Não é uma colocação inteligente e oportuna?

PROGRESSO DEMOLIDOR

A força do progresso é realmente poderosa. Ao longo do tempo vai mudando, reformulando cenários, políticas, opiniões e sentimentos. É uma energia subterrânea, compõe-se de fluxos diversos, choques, perversões, mal e bem. Quando as situações se tornam insuportáveis, vem necessariamente a reação.Do caos renasce um novo horizonte. Certamente imperfeito, mas melhor e assim sucessivamente.Não vemos que o excesso de banalidade, de futilidades, de incoerências motiva a reação? E produz soluções.Vejamos alguns exemplos históricos.

Quando Galileu Galilei disse que a Terra girava, foi sufocado pelo poder da igreja. Mas como ela realmente gira, o progresso de tornou impositivo. Se dúvidas houvesse as viagens interplanetárias mostram o fato. Recentemente a Igreja pediu perdão a Galileu, condenado pela sua audácia de falar contra o que era considerado verdade final.O que quero ressaltar é que o perdão papal, tardio e protocolar, foi irrelevante.

A despeito da condenação, Galileu tinha vencido. O fato sobrepôs-se ao arbítrio e, nesse caso, à ignorância. Um exemplo no campo espírita. No capítulo IX -Lei de Igualdade, da 3a.Parte de O Livro dos Espíritos. encontramos o item VI- Igualdade dos direitos do homem e da mulher.Nesse item o Espiritismo mostra-se muito avançado. Ele nega peremptoriamente qualquer idéia de inferioridade da mulher relativamente à inteligência e afirma que a emancipação da mulher segue o processo da civilização.O seguinte trecho da resposta é muito avançado: “A lei humana, para ser justa, deve consagrar a igualdade de direitos entre o homem e a mulher; todo privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça. A emancipação da mulher segue o processo da civilização.Todavia, quando trata das funções ele estabelece uma divisão determinística: mulher dentro do lar. “De direitos, sim; de funções não. É necessário que cada um tenha um lugar determinado; que o homem se ocupe de fora e a mulher do lar, cada um segundo a sua aptidão.”

Comentando esse trecho, diz J. Herculano Pires “Há mais de cem anos este livro indicava a solução exata do problema feminino: igualdade de direitos e diversidade de funções... A mulher não deve ser imitadora e competidora do homem, mas a sua companheira de vida, ambos mutuamente se complementando na manutenção do lar, que é a célula básica da estrutura social.”

Inserida no trecho inicial, essa posição obscurece a grandeza das idéias defendidas na questão 822-a. Está totalmente superada pela realidade dos fatos, pelo menos em grande parte da cultura ocidental e caminha para sobrepor-se à ignorância da cultura islâmica e hindu, por exemplo.Não adiantam sofismas, debates, interpretações.Não há mais como afirmar que a mulher não deva competir com o homem. A própria colocação da frase é machista, uma vez que o homem é dado como modelo que a mulher não deve imitar, mas recolher-se à sua função doméstica. Não estou discutindo nem mesmo mérito e os problemas causados possivelmente pela opção da mulher em dedicar-se ao mercado do trabalho, criando uma nova estrutura para a relação familiar. Considero apenas que qualquer discussão sobre o fato é supérflua. Basta olhar a realidade social. O resto é tentativa de dar validade ao que o tempo e as circunstâncias, como gostava de dizer Kardec, simplesmente derrubaram. Ou seja, a pequena pedra sob a roda de um carro grande, que é o progresso.

O PROGRESSO E OS VALORES

Uma das críticas mas freqüentes ao progresso, às mutações sociais e humanas, é que nessas mudanças, os valores morais parecem ser desprezados.De fato, nas mutações do comportamento, os períodos de transição são penosos, às vezes de difícil compreensão.De um modo geral, os valores funcionam para a maioria como freio às manifestações do egoísmo e dos desajustes pessoais. Por isso, as sociedades têm, ao longo do tempo, estabelecido ordenações e regras, algumas das quais acabam por criar um clima perverso, de castração e inibição da espontaneidade.
Quando as mutações enfraquecem as regras e derrubam as normas, os valores reais certamente persistem na maioria, ainda que de forma relutante por muitos. Todavia, as pessoas, cujos desequilíbrios interiores são mais acentuados, principalmente no campo da sexualidade e da corrupção, sentem-se à vontade para derrubar “tabus”, de forma desatinada.

Essa minoria ativa assume atitudes de desagregação moral que é tolerada pela maioria, por um longo tempo, por ser porta-estandarte de reivindicações pessoais ocultas e inibidas.Esses transtornados agitadores da moral e dos costumes, fazem o papel de desbloqueadores, mas produzem, também, insegurança, ultrapassam limites mínimos e atingem a dignidade e a segurança da maioria.Começa então a reação e alcança-se, quase sempre, algum equilíbrio ou pelo menos opõem-se barreiras ao curso avassalador do desatino. Tratando do assunto, O Livro dos Espírito é bastante sábio.Diz que o progresso intelectual geralmente precede ao progresso moral. Segundo o texto, a inteligência daria ao homem maior discernimento entre o bem e o mal e disso resultaria em modificações de procedimentos e expectativas.

ININTERRUPTA CAMINHADA

Se olharmos a história, verificaremos que a humanidade, a despeito de tudo e das realidades que voltam circularmente a mostrar a crueldade e o caráter perverso de muitos, caminha para frente. Ideologias, tiranos, ditaduras tentaram e continuam tentando subverter a ordem natural, criando focos de horror ou privando a sociedade da liberdade. Mas não resistem. Acabam por ser derrubados. Claro que sob o ponto de vista de muitos, o progresso em si mesmo é perverso. Acusam o moderno de sufocar o passado ou pretendem mostrar que a vida antiga era melhor e mais coerente. Mera pedra no meio do caminho. Como se fosse possível voltar.

O presente apresenta problemas, herdados do passado e pervertidos pelo desejo generalizado de poder e de ganância, de sobrepor-se aos outros. Existe uma tendência egoísta na maioria. Grupos que se apossam do poder acabam gerando situações caóticas e promovendo revolta pelos prejuízos que causam.Todavia, o progresso se faz.Tudo gira em torno do homem, dando razão ao sofisma de que o homem é a medida de todas as coisas.O progresso tecnológico e o científico agitam o mundo e introduzem novos comportamentos, desarranjam a economia, desempregam pessoas e beneficiam as demais.


Como parar essa torrente de novos caminhos desenhados pela tecnologia avassaladora? Muitas pessoas, apegadas a uma forma de entender ou supor entender a divindade, protestam contra a aparente indiferença de Deus, diante dos espetáculos lamentáveis e abusos intoleráveis que sufocam as criaturas.Todavia, se nos livrarmos do deus Jeová e tentarmos compreender a divindade sob uma nova luz, veremos que a mão de Deus permanece dirigindo a humanidade, o que pode ser comprovado pelas sucessivas e renovadas épocas, momentos e fatos históricos que, como a lei do progresso, explodem mudando rumos, derrubando o “edifício carcomido”.

Historicamente, Kardec projetou o Espiritismo para suportar a lei do progresso, não fosse por outros motivos, por simples coerência com as lições de O Livro dos Espíritos. A maestria dele foi criar um método de evolução do pensamento doutrinário, sem que o Espiritismo perdesse suas bases e se confundisse diante das variadas propostas de mudanças, sem bases e sem fundamentos.

fonte:
PENSE . Artigo publicado originalmente no jornal Abertura, de Santos, em maio de 1999. O autor, Jaci Regis é psicólogo e jornalista, editor do jornal de cultura espírita Abertura, presidente do Instituto Cultural Kardecista de Santos e autor dos livros Amor, Casamento e Família; Comportamento Espírita; Uma Nova Visão do Homem e do Mundo; A Delicada Questão do Sexo e do Amor, dentre outros.

Cursos promovidos pela FEDERAÇÃO ESPÍRITA DE MATO GROSSO DO SUL no mês de Agosto de 2009

em Cassilândia-MS
CURSO DE CAPACITAÇÃO DE TRABALHADORES DO ATENDIMENTO ESPIRITUAL

Data: 8 e 9 Ago 2009
Local: Centro Espírita Amor e Caridade
Rua Manoel Tomaz da Silva, 554 - Centro

em Bela Vista-MS
CURSO DE CAPACITAÇÃO DE EVANGELIZADORES

Data: 8 e 9 Ago 2009
Local: Centro Espírita Assistencial Caminho de Luz
Rua José Lemes Bugre, s/n

ABRAME realizará o V Congresso Brasileiro dos Magistrados Espíritas

Magistrados de todo o Brasil reúnem-se em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, de 9 a 11 de outubro de 2009, em mais um congresso nacional, para pensar em um modo de ação que se harmonize com a realidade espiritual e multiexistencial revelada pelo conhecimento espírita.
O tema central será "O Juiz e os Desafios na Jurisdição, em Família e na Sociedade". Em pauta, os desafios que o julgador encontra em sua vida profissional, em família e no convívio social, além de questões outras que dizem com a tarefa e a responsabilidade do juiz.
José Carlos de Lucca, Clayton Reis, Kéops de Vasconcelos Vieira Pires, Íris Helena Medeiros Nogueira, Carlos José Martins Gomes, Mônica Neves Aguiar da Silva, Clarice Claudino da Silva, Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, Eduardo Guilliod Maranhão, Roberto de Freitas Messano, Durval Augusto Rezende Filho, Rosemeire Lopes Fernandes e Pedro Aujor Furtado Júnior estão entre os expositores convidados.
O evento abordará os seguintes assuntos: "A desagregação da família e a responsabilidade do juiz", "A vocação para a magistratura", "O juiz, a jurisdição e o convívio familiar", "O juiz perante a realização da justiça e as exigências das forças atuantes na sociedade", "Os dilemas do juiz diante dos conflitos familiares", "Soluções alternativas dos conflitos", "A importância do conhecimento espírita para a vida profissional e familiar do juiz", "O trato das questões familiares à luz da justiça restaurativa", "O desafio do juiz ante a questão da produtividade e o compromisso com o justo", "Magistratura: desafio e oportunidade" e "A importância do conhecimento espírita para o equilíbrio emocional do juiz".
O Congresso será realizado nas instalações do Tribunal de Justiça, Av. Mato Grosso, Bloco 13, Parque dos Poderes, Campo Grande, MS.
Outras informações pelos telefones (61) 3328-0956 ou (61) 3326-8986, ou ainda no site da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas, organizadora do evento.
fonte: Espiritismo.net