quarta-feira, 29 de julho de 2009

SESQUICENTENÁRIO DE “O QUE É O ESPIRITISMO”

Mais uma obra de Allan Kardec comemora o seu sesquicentenário: o opúsculo O que é o Espiritismo, publicado pela primeira vez em Paris no mês de julho de 1859. Tinha, então, 104 páginas e era vendido a 60 centavos.
Em 1865 vem a lume a 6ª edição da obra, revista e consideravelmente aumentada pelo autor. Tinha 182 páginas e se tornou a edição definitiva do livro, o terceiro a ser publicado por Allan Kar­dec, logo depois de O Livro dos Espíritos, em 1857, e de Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas, em 1858. Este último era uma espécie de introdução à mediunidade, teve uma só edição e foi substituído em 1861 por O Livro dos Médiuns.
Qual teria sido a intenção de Allan Kardec ao publicar este e outros opúsculos que sairiam mais tarde, quase simultaneamente ao aparecimento das obras fundamentais da Doutrina Espírita?
Basicamente contribuir para a vulgarização do Espiritismo, que, então, dava seus primeiros passos, numa época dominada pelo materialismo e pelos preconceitos de toda ordem. Para alcançar esse objetivo, o Codificador apresentava os temas em linguagem mais simples, resumia os assuntos mais interessantes, evitava lançar mão de metáforas e vendia os opúsculos a preço de custo, quando não os subsidiava do próprio bolso, visando à sua mais rápida propagação. Vejamos, contudo, nas próprias palavras de Allan Kardec, o que ele diz no primeiro parágrafo do "Preâmbulo" do livro: “As pessoas que não conhecem o Espiritismo senão de modo superficial são, naturalmente, inclinadas a formular certas questões, cuja solução por certo encontrariam se o estudassem com mais profundidade. Falta-lhes, porém, o tempo e, muitas vezes, a vontade para se entregarem a observações contínuas. Antes de empreenderem essa tarefa, muitos desejam saber, pelo menos, do que se trata, e se vale a pena se ocuparem com ela. Pareceu-nos, pois, de real utilidade apresentar resumidamente as respostas a algumas das principais perguntas que nos são diariamente dirigidas; isto será, para o leitor, uma espécie de iniciação, e, para nós, ganho de tempo por nos dispensar de repetir constantemente a mesma coisa.”

O livro é dividido em três capítulos:
O primeiro, sob a forma de diálogos, encerra respostas às objeções mais comumente feitas por aqueles que desconhecem os princípios fundamentais da Doutrina, bem como a refutação dos principais argumentos de seus contraditores. Tal modalidade pareceu mais conveniente a Kardec, por não apresentar a aridez da forma dogmática.

O segundo capítulo é consagrado à exposição sumária das partes da ciência prática e experimental, sobre as quais, na falta de uma instrução teórica completa, o observador inexperiente deve fixar a sua atenção para poder julgar com conhecimento de causa; é, de certa forma, um resumo de O Livro dos Médiuns. Ora, como na maioria das vezes as objeções nascem das ideias falsas feitas, a priori, sobre aquilo que não se conhece bem, retificar essas ideias é prevenir as objeções que se possam fazer à mediunidade.

O terceiro capítulo pode ser considerado como o resumo de O Livro dos Espíritos. É a solução, pela Doutrina Espírita, de certo número de problemas do mais alto interesse, de ordem psicológica, moral e filosófica que diariamente são propostos, e aos quais nenhuma filosofia deu ainda resposta satisfatória. Procurem resolvê-los por qualquer outra teoria, sem a chave que nos fornece o Espiritismo, e verão quais são as respostas mais lógicas, quais as que melhor satisfazem à razão.

E, arremata Allan Kardec:
“Estes resumos não somente são úteis aos principiantes, que neles poderão, em pouco tempo e com pouca despesa, colher as noções mais essenciais da Doutrina Espírita, como também aos adeptos, pois lhes fornecem os meios para responderem às primeiras objeções que não deixarão de lhes apresentar, e, além disso, por encontrarem reunidos, em quadro restrito e sob um mesmo ponto de vista, os princípios que devem estar sempre presentes à sua memória.”

Finalmente, no "Preâmbulo" da obra que o Codificador afirma:
“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem de tais relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corpóreo.”
Para que os leitores de Reformador façam ideia de alguns dos assuntos tratados no livro O que é o Espiritismo, transcrevemos parcialmente, do seu sumário, os seguintes tópicos, dentre tantos outros de igual importância:
· Espiritismo e Espiritualismo
· Fenômenos espíritas simulados
· O maravilhoso e o sobrenatural
· Origem das ideias espíritas modernas
· Utilidade prática das manifestações
· Médiuns interesseiros
· Loucura, suicídio e obsessão
· Esquecimento do passado
· Comunicação com o mundo invisível
· Escolhos da mediunidade
· Charlatanismo
· Identidade dos Espíritos
· Consequências do Espiritismo
· Pluralidade dos mundos
· A alma
· O homem durante a vida terrena
· O homem depois da morte

Autor: Evandro Noleto Bezerra, artigo publicado na Revista Reformador, da FEB, de julho de 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário