sábado, 30 de outubro de 2010

Música e magnetismo: com Jacob Melo

Entrevista publicada na Revista Cristã de Espiritimo, edição especial nº 2, escrito por Érika Silveira  
O músico e pesquisador espírita Jacob Melo fala sobre o papel da música e a função dos passes energéticos no processo de cura.
Além de músico e integrante do Grupo Seres Imortais, grupo que está na capa da Revista Cristã de Espiritismo Especial – Música, edição nº 02, o médium Jacob Melo é um profundo pesquisador e escritor do movimento espírita. Recentemente, lançou o livro Cure-se e cure pelos Passes, que fala das técnicas do magnetismo como um método de cura, muito utilizadas nos centros espíritas.
Jacob, que mora em Natal (RN), esteve em São Paulo no mês de setembro para fazer diversas palestras na capital e na região do Grande ABC. Aproveitamos sua presença para fazermos uma entrevista para o programa Realidade Espírita, produzido pela Revista Cristã de Espiritismo e transmitido pela Rádio Mundial AM (no ano de 2002), onde ele fala sobre o papel da música e, principalmente, do passe no processo de cura espiritual.


Qual é a proposta do Grupo Seres Imortais?
Jacob Melo – Nosso trabalho musical visa o espírito de alegria e confraternização, ao contrário do que muitas pessoas que não conhecem a doutrina de perto pensam às vezes, ou seja, que Espiritismo significa cara fechada e pessoas sisudas. E não é nada disso! Na realidade, o movimento espírita é extremamente feliz, como, por exemplo, a música escolhida para a revista de música, “A Vida é Alegre”, que traz essa proposta.

Em sua opinião, a música tem alguma ligação com a cura espiritual? 
Jacob Melo – Há uma ligação extremamente profunda e muita viva. Nós podemos inclusive dar um testemunho sobre o que ocorreu em umas das palestras feitas em São Bernardo do Campo (SP). Ao final do evento, nós tocamos três musicas do CD e, mesmo sendo desconhecidas do público, todos cantaram juntos. Na última música que colocamos, chamada “A maior história de amor”, formou-se um clima extremamente delicado, todos ficaram envolvidos. Isso é um fenômeno fantástico que a música propicia. Um outro fato curioso que aconteceu foi quando estávamos participando de um evento em Campinas (SP) e, no final desse seminário, a presidência do evento convidou um expositor da Bahia, chamado Marcel Mariano, para fazer a prece de encerramento. O auditório estava lotado, com cerca de 600 pessoas. Ele tomou o microfone e começou a cantar uma bela canção de Roberto Carlos, foram cinco minutos de profundo silêncio, o que criou um clima maravilhoso. Então, se a música for bem empregada, ela também é um veículo de cura.

O que você pode nos falar sobre o magnetismo transmitido através do passe? 
Jacob Melo – O Espiritismo tem a glória de tratar o magnetismo e o passe com muita constância e profundidade, o que não quer dizer que cabe apenas ao Espiritismo a veiculação dos fluidos pelos passes. Porque todas vezes que oramos e vibramos por alguém ou abraçamos com afeto e respeito, independentemente do principio religioso, nós estamos, nessas circunstâncias, emitindo fluidos revigorantes na direção delas. O passe, dentro da visão espírita, toma uma característica de maior profundidade apenas porque nós estudamos mais, fomos até a origem buscar as razões de certos movimentos e como melhorar a eficiência dessas técnicas. O fato de nós, espíritas, procurarmos ter um pouco mais de estudo, além da certeza da eficiência da presença dos espíritos, de certa forma torna nossa realização através dos passes muito mais efetiva. Quando Allan Kardec perguntou “e se os magnetizadores acreditassem nos espíritos, o que aconteceria?”, os espíritos responderam que “operariam verdadeiros milagres”. Nós estamos bem cientes dessa vertente e acreditamos que, quando operamos com sabedoria e contando com a participação dos espíritos, não necessariamente dos espíritos espíritas, nosso passe só tem a crescer em qualidade.

Podemos perceber que outras religiões trabalham com o passe, muitas vezes até de uma forma inconsciente, como, por exemplo, os evangélicos, quando os pastores estendem suas mãos sobre os fiéis, o que também pode ser entendido com uma forma de passe. Desta forma, o que conta é o sentimento, não é mesmo? 
Jacob Melo – Sem dúvida! Em qualquer campo de teoria, quando se tem o amor, ele se sobrepõe, não adianta ter toda a técnica e conhecimento. Ele não é só o veículo, mas a essência, a técnica apenas ajuda a extrair os melhores efeitos dessa aplicação de amor. Sendo assim, todos nós estamos vibrando e todas as igrejas também, assim como o reiki, atualmente muito em voga, é uma técnica de magnetismo. Jesus mesmo falava sobre as imposições de mãos nas curas. A aplicação do magnetismo não aconteceu só na época de Cristo para cá, mas muito antes, lá no antigo Egito, temos os registros, porque isso é uma bênção de Deus para as criaturas. Todos nós podemos usá-lo, mas é claro que, se soubermos o que estamos fazendo, nós enriquecemos o processo.

De que maneira o magnetismo é capaz de curar? 
Jacob Melo – São duas fontes: uma carente, outra farta. É como quando você quer tomar banho: você tem a torneira, o encanamento e a água na caixa, só vai precisar abrir as comportas para que ela possa cair. A mesma coisa acontece no passe. Normalmente, nós temos uma pessoa que está carente, seja de ordem orgânica ou espiritual, e o médium ou o mundo espiritual são seres que podem oferecer o que essa pessoa está precisando. Assim, abre-se a torneira, não importa a fonte, do plano espiritual ou de alguém capaz de doar o que chamamos de magnetismo.

Além do trabalho do passista, é necessário que a pessoa que procura o tratamento tenha fé?
Jacob Melo – A proposta de Jesus foi muita clara: “Vai, filho, tua fé te curou”. Mas nós sabemos que ele curou também os que não tinham fé, como no caso do cego de nascença, quando o mestre disse: “Pronto, estás curado”. Depois que Ele passou as mãos sobre os olhos e perguntou ao homem o que estava vendo, este respondeu: “Vejo o homem como se árvores fossem”. Quer dizer, a incredulidade era tão grande que não queria assumir que estava vendo criaturas. Jesus então cuspiu na lama e a passou sobre seus olhos, mandou que ele tomasse banho e o cego respondeu ainda: “Eu não vim, me trouxeram”. Ou seja, o nível de fé era zero, provando que, mesmo sem ela, a cura também acontece, porém, dá muito mais trabalho para se curar.

Existem doenças que têm processos mais profundos, em que as causas estão no passado e que, muitas vezes, geram distúrbios psíquicos. São casos nos quais só o passe não resolve e que talvez não ocorra a cura por ser parte do processo reencarnatório da pessoa. Como o médium que percebe isso deve lidar com o fato? 
Jacob Melo – O primeiro principio é o da honestidade. Muitas vezes, nós nos precipitamos, dizendo a essa pessoa que tome um passe que logo irá ficar boa e ficamos só nisso, o que é um equívoco muito grande, pois sabemos que há necessidade de uma reforma íntima. O passe entra como um complemento, é aquela força proposta por Jesus: “Eu irei te dar forças para que tu carregues a tua cruz”. Em nenhum momento Ele disse que iria tomar a cruz de ninguém. Nenhuma religião pode tomar esse direito de te retirar a cruz, mas sim dar condições para a pessoa suportá-la, pois assim ela se torna menos pesada. Se os dirigentes e os médiuns deixarem a questão bem clara, tudo fica mais fácil. Gostaria até mesmo de dar o testemunho do que aconteceu com uma amiga minha. Ela sofre de uma doença extremamente perigosa, um tipo de esclerose degenerativa que comprometeu todas as suas potencialidades orgânicas e, depois de perder praticamente todos os seus movimentos, ela só escreve e com muita dificuldade. Em nossa última conversa, disse-me: “O que eu mais agradeço, que a doença me proporcionou, é a possibilidade de ter tempo para ler, coisa que não tinha antes, além de muitas coisas que não dava valor. Hoje quero viver para aproveitar as oportunidades que estou tendo”. Essa é a verdadeira cura!

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