segunda-feira, 4 de julho de 2011

Literatura recomendada: Loucura e Obsessão

Editora FEB. Autoria: Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Manoel Philomeno Miranda - Sinopse: Estuda a presença da obsessão na maioria dos casos de loucura. Confirma que  "ansiedades e frustrações, afetos e animosidades, calma e pavor, confiança e suspeita, inquietação e segurança, que se manifestam no comportamento do indivíduo, tem a sua gênese, às vezes, na atual existência, todavia, na sua quase totalidade, são efeitos das ocorrências pretéritas, que o tempo arquivou na memória perispiritual, mas não consumiu.”
O livro objetiva orientar os estudiosos e os que sofrem de processos obsessivos , além de estudar as causas da obsessão. Também relata a terapia desobsessiva adotada por Espíritos abnegados, sob direção do Dr. Bezerra de Menezes. Aprofunda-se na análise de casos dolorosos de obsessão, oferecendo soluções calcadas na renovação interior e na prática do bem.

Yundi Li executando o Noturno de Chopin

domingo, 3 de julho de 2011

Civilizações extraterrestres serão descobertas num prazo de 20 anos?

Lendo a notícia publicada em 27/06/2011, na seção Estadão/Ciências,  sobre a humanidade terrena encontrar civilizações alienígenas nas próximas duas décadas (ver link e cópia abaixo), lembrei de Nicolau Copérnico (1473-1543), polonês de Torun, que foi o astrônomo e matemático que desenvolveu a teoria do heliocentrismo, que contrariava a teoria do geocentrismo defendida pela Igreja e que só não foi condenado por heresia (podendo ser condenado a morte em fogueira) por não ter publicado a sua tese.
Hoje felizmente a Igreja perdeu seu status de controlar as informações, do que deve ser publicado ou não. E cada vez mais respeita-se a liberdade de imprensa, oportunizando a cada um acreditar naquilo que a razão lhe permite compreender, como também confrontar uma ideia com outras e com outros interessados.
Lembrei também do Auto de Fé de Barcelona, que ocorreu em 1861, em que o bispo da cidade espanhola ordena a queima de livros espíritas encomendados pelo livreiro Lachâtre ao Sr. Rivail, entre os quais vários exemplares de "O Livro dos Espíritos", que naquela época já falava de habitantes extraterrenos.
Sobre essa questão de civilizações extraterrestres, destacamos uma nota explicativa à pergunta nº 188 em que Allan Kardec pergunta aos espíritos: Os Espíritos puros habitam mundos especiais ou estão no espaço universal sem estarem mais ligados a um mundo que a outro? e respondem:
- Os Espíritos puros habitam certos mundos, mas não estão confinados neles como os homens sobre a Terra; eles podem, melhor que os outros, estar por toda parte.
Aí em nota explicativa, Kardec diz:
"Segundo os Espíritos, de todos os globos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é um daqueles onde os Espíritos são os menos avançados, física e moralmente. Marte seria ainda inferior e Júpiter, o mais superior em relação a todos..." a nota continua ainda com informações sobre o Sol e outros planetas do nosso sistema.
Vejam que essas e muitas outras informações foram publicadas originariamente em 1857 e lentamente a ciência vai confirmando o contido nessa obra magnífica. O que temos que compreender é que existem planos distintos, o material e o imaterial, com faixas vibratórias distintas, exigindo processos de demonstração ainda não assimilados completamente  pela ciência positivista.
Temos dificuldades para compreender e comprovar esses planos distintos aqui no nosso próprio planeta, devido aos meios ainda precários que nossos centros científicos mais adiantados dispõem, quanto mais comprovarmos a vida inteligente em outros orbes, tanto do nosso sistema planetário, quanto de distintos sistemas espalhados por todo o Universo, ou Multiversos (leia também: Universos Paralelos, a teoria do Dr. Michio Kaku).
Notícias como essa muitas vezes passam despercebidas pelas pessoas, mas refletindo, verificamos que muitos cientistas ao redor do nosso planeta dedicam grande parte do seu tempo a investigarem a certeza da vida inteligente fora desse pontinho minúsculo da Via Láctea denominado Terra. Falta "apenas" descobrir em que faixa vibratória encontram-se essas civilizações alienígenas.
Ronaldo São Romão Sanches, e-mail: ronaldosaoromao@gmail.com

Cientistas russos esperam encontrar vida alienígena até 2031
MOSCOU (Reuters Life!) - Cientistas russos esperam que a humanidade se depare com civilizações alienígenas nas próximas duas décadas, disse um importante astrônomo russo na segunda-feira.
"A gênese de vida é tão inevitável como a formação de átomos... A vida existe em outros planetas e vamos encontrá-la dentro de 20 anos", disse Andrei Finkelstein, diretor do Instituto de Astronomia Aplicada da Academia Russa de Ciências, segundo a agência de notícias Interfax.
Falando num fórum internacional sobre a busca de vida extraterrestre, Finkelstein disse que 10 por cento dos planetas conhecidos orbitando ao redor de estrelas parecem a Terra.
Se for encontrada água, então também pode ser encontrada a vida, disse ele, acrescentando que muito provavelmente os alienígenas serão parecidos com os humanos, com dois braços, duas pernas e uma cabeça.
"Eles podem ter uma cor de pele diferente, mas mesmo isso nós temos", disse ele.
O instituto de Finkelstein é responsável por um programa lançado nos anos 1960, no auge da corrida espacial da Guerra Fria, para observar e emitir sinais de rádio ao espaço.
"O tempo inteiro ficamos buscando por civilizações extraterrestres; basicamente esperamos por mensagens do espaço e não o outro lado", disse ele.
(Por Alissa de Carbonnel)

O que foi o "Auto-de-fé de Barcelona"?

Foi a queima, em praça pública, em Barcelona, Espanha, de 300 volumes de obras espíritas, que Kardec havia remetido ao livreiro Maurice Lachâtre, em 09 de outubro de 1861, às 10:30 horas.
Maurice Lachâtre era um intelectual e editor francês que achava-se estabelecido em Barcelona com uma livraria, quando solicitou a Kardec seus livros para divulgá-los na Espanha. Só não contava com a intolerância do bispo da cidade que havia ordenado que as obras fossem apreendidas e queimadas numa grande fogueira. O episódio, ocorrido a 9 de outubro de 1861, conhecido como o Auto-de-fé de Barcelona, apenas serviu para revigorar a coragem do livreiro.
O livreiro Maurice Lachâtre foi um grande propagandista do Espiritismo na Espanha e havia encomendado trezentos volumes de diversos títulos espíritas a Allan Kardec. O material chegou à Espanha através de tramitação legal, com impostos e taxas devidamente pagos por Kardec e com a documentação correta. O destinatário pagou os direitos de entrada dos volumes, mas antes que os mesmos fossem entregues, uma relação dos títulos foi entregue ao bispo de Barcelona, pois a liberação de livros e/ou sua censura, competia à autoridade eclesiástica. O bispo tomando conhecimento da natureza dos livros ordenou que fossem apreendidos e queimados em praça pública pela mão do carrasco.
Os livros deveriam em tal situação ser devolvidos ao remetente em seu país de origem - a França. Contudo, tal não aconteceu e o espetáculo - só assim pode-se classificar tal ato de intolerância e intransigência - foi marcado para o dia 9 de outubro de 1861. Naquela data, às 10:30 horas, os volumes foram queimados como se fossem réus da inquisição.
Essa atitude intransigente prosseguiu, dissimulada, mas acirradamente, por muito tempo após a queima dos livros, porém contribuiu enormemente para a propaganda da doutrina espírita.
Na "Revista Espírita", de novembro de 1861, Kardec diz: Não informamos nada, aos nossos leitores, sobre esse fato, que já não saibam pela via da imprensa; o que ocorreu de admirar, foi que os jornais, que passam geralmente por bem informados, hajam podido colocá-lo em dúvida; essa dúvida não nos surpreende; o fato em si mesmo parece tão estranho para o tempo em que vivemos, e está de tal modo longe de nossos costumes que, alguma cegueira que se reconhecesse ao fanatismo, crê-se sonhar ouvindo dizer que as fogueiras da inquisição se acendem ainda em 1861, à porta da França; a dúvida, nessa circunstância, é uma homenagem prestada à civilização européia, ao próprio clero católico. Em presença de uma realidade incontestável hoje, o que deve mais espantar, é que um jornal sério, que cai cada dia, sem dó nem piedade, sobre os abusos e as usurpações do poder sacerdotal, não haja encontrado, para assinalar esse fato, senão algumas palavras zombeteiras, acrescentando: "Em todo caso, não seremos nós que nos divertiremos, neste momento, em fazer girar as mesas na Espanha." ("Siècle", de 14 de outubro de 1861) (...)
(...) O que não é menos exorbitante, e o que contra o qual se espanta, é não se ter visto um protesto enérgico, é a estranha pretensão que se arroga o bispo de Barcelona de fazer a polícia na França. Ao pedido que foi feito de reexportar as obras, respondeu com uma recusa assim motivada: A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países. Assim, eis um bispo estrangeiro, que se institui em juiz do que convém ou não convém à França! A sentença, portanto, foi mantida e executada sem mesmo isentar o destinatário das despesas de alfândega, que se teve muito cuidado em fazê-lo pagar.
Eis a narração que nos foi pessoalmente dirigida: "Este dia, nove de outubro de mil oitocentos e sessenta e um, às dez horas e meia da manhã, sobre a esplanada da cidade de Barcelona, no lugar onde são executados os criminosos condenados ao último suplício, e por ordem do bispo desta cidade, foram queimados trezentos volumes e brochuras sobre o Espiritismo, a saber:
"A Revista Espírita", diretor Allan Kardec;
"A Revista Espiritualista", diretor Piérard;
"O Livro dos Espíritos", por Allan Kardec;
"O Livro dos Médiuns", pelo mesmo;
"O que é o Espiritismo", pelo mesmo;
"Fragmento de sonata", ditado pelo Espírito Mozart;
"Carta de um católico sobre o Espiritismo", pelo doutor Grand;
"A História de Jeanne d'Arc", ditada por ela mesma à Srta. Ermance Dufaux;
"A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta", pelo barão de Guldenstubbé.
Assistiram ao Auto-de-Fé:
"Um padre revestido das roupas sacerdotais, trazendo a cruz numa mão e a tocha na outra mão;
"Um notário encarregado de redigir a ata do Auto-de-Fé;
"O escrevente do notário;
"Um empregado superior da administração da alfândega;
"Três moços (serventes) da alfândega, encarregados de manter o fogo;
"Um agente da alfândega representando o proprietário das obras condenadas pelo bispo.
Uma multidão inumerável encobria os passeios e cobria a imensa esplanada onde se elevava a fogueira. Quando o fogo consumiu os trezentos volumes ou brochuras Espíritas, o padre e seus ajudantes se retiraram, cobertos pelas vaias e as maldições dos numerosos assistentes que gritavam: "Abaixo a inquisição!"
Numerosas pessoas, em seguida, se aproximaram da fogueira, e recolheram as suas cinzas. Uma parte dessas cinzas nos foi enviada; com elas se encontra um fragmento de "O Livro dos Espíritos" consumido pela metade. Nós o conservamos preciosamente, como um testemunho autêntico desse ato insensato. Toda opinião à parte, esse assunto levanta uma séria questão de direito internacional. Reconhecemos ao governo espanhol o direito de proibir a entrada, sobre o seu território, das obras que não lhe convém, como a de todas as mercadorias proibidas. Se essas obras tivessem sido introduzidas clandestinamente e em fraude, nada haveria a dizer; mas são expedidas ostensivamente e apresentadas na alfândega; era, pois, uma permissão legalmente solicitada. Esta acreditou dever referi-la à autoridade episcopal que, sem outra forma de processo, condena as obras a serem queimadas pela mão do carrasco.
Examinando-se este assunto do ponto de vista de suas consequências, diremos primeiro que não houve senão uma voz para dizer que nada podia ser mais feliz para o Espiritismo. A perseguição sempre foi aproveitável à idéia que se quis proscrever; por aí se lhe exalta a importância, se lhe desperta a atenção, e fazendo-o conhecer por aqueles que o ignoram. Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo, em Espanha, vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é; é tudo o que desejamos. Podem-se queimar os livros, mas não se queimam as idéias; as chamas das fogueiras as super-excitam em lugar de abafá-las. As idéias, aliás, estão no ar, e não há Pirineos bastante altos para detê-las; e quando uma idéia é grande e generosa, ela encontra milhares de peitos prontos para aspirá-la. O que se lhe haja feito, o Espiritismo já tem numerosas e profundas raízes na Espanha; as cinzas da fogueira vão fazê-las frutificar. Mas não será só na Espanha que esse resultado será produzido, é o mundo inteiro que lhe sentirá o contragolpe. Vários jornais da Espanha estigmatizaram esse ato retrógrado, como o merece. "Las Novedades de Madrid", de 19 de outubro, entre outros, contém, sobre esse assunto, um notável artigo. (...)
Espíritas de todos os países! Não vos esqueçais desta data de 9 de outubro de 1861; ela será marcada, nos fastos do Espiritismo; que ela seja para vós um dia de festa e não de luto, porque é a garantia do vosso próximo triunfo!
Entre as numerosas comunicações que os Espíritos ditaram sobre esse acontecimento, não citaremos senão as duas seguintes, que foram dadas espontaneamente na Sociedade de Paris; elas dele resumem todas as causas e todas as consequências:
"O amor da verdade deve sempre se fazer ouvir: ela dissipa a névoa, e por toda a parte brilha ao mesmo tempo. O Espiritismo chegou para ser conhecido por todos; logo será julgado e colocado em prática; quanto mais houver perseguições, mais depressa esta sublime Doutrina chegará ao seu apogeu; seus mais cruéis inimigos, os inimigos do Cristo e do progresso, com isso se surpreendem de maneira que ninguém ignore que Deus permite àqueles que deixaram esta Terra de exílio de retornar para aqueles que amaram. Tranquilizai-vos; as fogueiras se extinguirão por si mesmas, e se os livros são lançados ao fogo, o pensamento imortal lhes sobrevive." (DOLLET)
Nota. Este espírito, que se manifestou espontaneamente, disse ser o de um antigo livreiro do século dezesseis.
"Era preciso alguma coisa que ferisse, com um golpe violento, certos Espíritos encarnados para que se decidissem ocupar-se desta grande Doutrina que deve regenerar o mundo. Nada é inutilmente feito sobre a vossa Terra, para isso, e nós, que inspiramos o Auto-de-Fé de Barcelona, sabíamos bem que, assim agindo, faríamos dar um passo imenso para a frente. Esse fato brutal, inaudito nos tempos atuais, foi consumado para atrair a atenção dos jornalistas que permaneciam indiferentes diante da agitação profunda que abalava as cidades e os centros Espíritas; deixavam dizer e deixavam fazer; mas se obstinavam em fazer ouvido de mercador, e respondiam pelo mutismo ao desejo de propaganda dos adeptos do Espiritismo. Por bem ou por mal, é preciso que dele falem hoje; uns constatando o histórico do fato de Barcelona, os outros desmentindo-o, deram lugar a uma polêmica que dará volta ao mundo, e da qual só o Espiritismo aproveitará. Assim, hoje, a retaguarda da inquisição fez seu último Auto-de-Fé, porque assim o quisemos." (SAINT DOMINIQUE)
Prossegue Kardec na "Revista Espírita" de dezembro de 1861: Os jornais espanhóis não foram tão moderados em reflexões, sobre esse acontecimento, quanto os jornais franceses. Qualquer que seja a opinião que se professe com respeito às idéias espíritas, há, no próprio fato, alguma coisa de tão estranha para o tempo em que vivemos, que ele excita mais piedade do que cólera contra as pessoas que parecem ter dormido há vários séculos, e despertado sem ter consciência do caminho que a humanidade percorreu, crendo-se, ainda, no ponto de partida. (...)
Em "Obras Póstumas", Kardec pergunta (À Verdade): – Não ignorais, sem dúvida, o que vem de se passar em Barcelona a respeito das obras espíritas; teríeis a bondade de me dizer se convém perseguir a sua restituição?
Resposta. – Em direito podes reclamar essas obras, e delas, certamente, obtereis a restituição, dirigindo-se ao Ministro dos Assuntos Estrangeiros da França. Mas a minha opinião é que resultará desse Auto-de-Fé um bem maior que não produziria a leitura de alguns volumes.  A perda material não é nada em comparação com a repercussão que semelhante fato dará à Doutrina.  Compreendes o quanto uma perseguição tão ridícula e tão atrasada poderá fazer o Espiritismo progredir na Espanha.  As idéias se difundirão com tanto mais rapidez, e as obras serão procuradas com tanto mais diligência, quanto as tiver queimado. Tudo está bem.
Nas palavras de Amílcar Del Chiaro Filho, o Auto-de-Fé de Barcelona foi a consagração do Espiritismo. Literalmente o seu batismo de fogo. Mas a Espanha levantou-se como um só homem, para saber o que era essa doutrina que aterrorizava o clero. A comissão episcopal foi vaiada pelo povo, e assim que a guarda armada se retirou da Praça do Quemadero, onde muitos mártires tiveram seus corpos incinerados no intuito de salvar as suas almas, o povo simples recolheu as cinzas dos livros e fragmentos que não foram consumidos pelas chamas, e levaram para as suas casas.
Um exemplar de "O Livro dos Espíritos", carbonizado pela metade, foi enviado a Allan Kardec, que o guardou como uma doce lembrança em uma urna. Lamentavelmente, a intransigência que ainda perdurou na primeira metade do século XX, fez com os nazistas, durante a 2a. Grande Guerra Mundial, destruissem a urna.
Muitas outras perseguições viriam. Muitas lágrimas ainda seriam derramadas. É por isso que o movimento espírita tem que respirar liberdade, tem que ser compreensivo, mas não conivente, porque venceu a ditadura de Napoleão 3º - a força esmagadora da perseguição religiosa, o orgulho acadêmico das ciências, o esnobismo filosófico, para firmar-se como doutrina consoladora e iluminadora.
Prof. Hermes Edgar Machado Junior
Fontes e sugestões de Leitura:
- "Revista Espirita", Allan Kardec, novembro e dezembro de 1861
- "Obras Póstumas", Allan Kardec
- "Auto de Fé de Barcelona", Amílcar Del Chiaro Filho, em www.espirito.org.br/portal/artigos/amilcar/audo-de-fe-de-barcelona.html
- "Auto-de-Fé em Barcelona", postado por Sergio Ribeiro, no blog http://aprendizdeespirita.blogspot.com/2009/10/auto-de-fe-em-barcelona.html
- Gravura "Auto-de-Fé": www.bezerramenezes.org.br/imagens/Auto_de_fe.jpg
O autor, Professor Hermes Edgar Machado Jr (ISSARRAR BEN KANAAN), é estudioso de temas relacionados à espiritualidade universalista e eclética, meditação, esperanto, hebraico, psicologia, filosofia, história, arqueologia, naturismo e informática (principalmente linux). http://benkanaan.blogspot.com - http://twitter.com/benkanaan - e-mail: benkanaan@gmail.com e benkanaan@hotmail.com 
O artigo foi publicado em 09/10/2010 no Artigonal.
A ilustração, no topo do artigo, encontrei no blog "O servidor espírita", que trás também o artigo do Amílcar Del Chiaro Filho

O Espírito da Verdade é Jesus?

As instruções dos Espíritos, no capítulo VI da obra "O Evangelho Segundo o Espiritismo", são assinadas pelo "Espírito da Verdade".
Na mensagem recebida em Paris em 1860, o "Espírito da Verdade" diz que vem como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas, como outrora  a minha palavra. Diz que revelou a Doutrina Divina e disse: Vinde a mim, todos vós que sofreis!. No final da mensagem diz que todas as verdades se encontram no Cristianismo; que os erros que nele se enraizaram são de origem humana. Que Jesus Cristo é o vencedor do mal.
Na mensagem recebida em Paris, em 1861 faz referência à dor presente no Jardim das Oliveiras.
Na mensagem recebida em Bourdeaux em 1861, diz que é "o grande médico das almas". Que invocando o Pai do fundo do coração, Ele enviará o seu Filho bem amado para nos instruir.
Parece-nos que seja Jesus.
Alguns dizem que o "Espírito da Verdade" era uma equipe de espíritos superiores encarregados de transmitirem a Codificação da Doutrina Espírita. Creio que fica meio confuso de compreender quando a gente lê em "O Livro dos Espíritos" quando assinam os prolegômenos, vários Espíritos, entre eles "Espírito de Verdade".
Pois bem, a questão que proponho é: Por que o espírito comunicante não se identificou como Jesus? Deve haver um motivo?
Na minha pequenês, arrisco uma teoria:
Por si a Doutrina Espírita é revolucionária sob o ponto de vista religioso, então talvez a necessidade ainda de uma referência como Jesus, mesmo deixando algumas questões sem as devidas explicações. Deixar ainda por um tempo as versões reconhecidas pela Igreja.
Kardec e os Espíritos Superiores que o assistiam deviam ter suas razões.
Abraço a todos
Ronaldo São Romão Sanches

sábado, 2 de julho de 2011

Kardec e a unificação

O Espiritismo sustenta princípios que, por se fundarem nas leis da Natureza e não em abstrações metafísicas, tendem a tornar-se, e um dia certamente o serão, os da universalidade dos homens; todos os aceitarão, porque encontrarão neles verdades palpáveis e demonstradas, como aceitaram a teoria do movimento da Terra; mas, pretender-se que o Espiritismo chegue a estar, por toda parte, organizado da mesma forma; que os espíritas do mundo inteiro se sujeitarão a um regime uniforme, a uma mesma forma de proceder; que terão de esperar lhes venha de um ponto fixo a luz, ponto em que deverão fixar os olhos, fora utopia tão absurda como a de pretender-se que todos os povos da Terra formem um dia uma única nação, governada por um só chefe, regida pelo mesmo código de leis e submetida aos mesmos usos. Há, é certo, leis gerais que podem ser comuns a todos os povos, mas que sempre, quanto às minúcias da aplicação e da forma, serão apropriadas aos costumes, aos caracteres, aos climas de cada um.

Outro tanto se dará com o Espiritismo organizado. Os espíritas do mundo todo terão princípios comuns, que os ligarão à grande família pelo sagrado laço da fraternidade, mas cujas aplicações variarão segundo as regiões, sem que, por isso, a unidade fundamental se rompa; sem que se formem seitas dissidentes a atirar pedras e lançar anátemas umas às outras, o que seria absolutamente anti-espírita. Poderão, pois, formar-se, e inevitavelmente se formarão, centros gerais em diferentes países, ligados apenas pela comunidade da crença e pela solidariedade moral, sem subordinação de uns aos outros, sem que o da França, por exemplo, nutra a pretensão de impor-se aos espíritas americanos e vice-versa.

É perfeitamente justa a comparação, de que acima nos valemos, com os observatórios. Há-os em diferentes pontos do globo; todos, seja qual for a nação a que pertençam, se fundam em princípios gerais firmados pela Astronomia, o que, entretanto, não os torna tributários uns dos outros. Cada um regula como entende os respectivos trabalhos. Permutam suas observações e cada um se utiliza da Ciência e das descobertas dos outros. Assim acontecerá como os centros gerais do Espiritismo; serão os observatórios do mundo invisível, que permutarão entre si o que obtiverem de bom e de aplicável aos costumes dos países onde funcionarem, uma vez que o objetivo que eles colimam é o bem da Humanidade e não a satisfação de ambições pessoais. O Espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto. Daí vem que os centros (espíritas) que se acharem penetrados do verdadeiro espírito do Espiritismo deverão estender as mãos uns aos outros, fraternalmente, e unir-se para combater os inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo.

(Alan Kardec, Obras Póstumas, Constituição do Espiritismo, item VI, ps .362/364, FEB, 37ª ed.)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Divaldo Franco e o Padre ( como ele se tornou espírita )

Certa vez, fui a um padre confessar (antes de tornar-me Espírita). Contei-lhe sobre minhas comunicações com os mortos. Para ele, eram forças demoníacas tentando me afastar da Igreja. Veio-me uma mágoa de Deus e comecei a questionar:
- Sou um bom católico, bom sacristão, adoro a Igreja, faço jejum, passo a semana da Páscoa sem comer até o meio-dia. Se Deus não pode com o diabo, eu vou aguentar? O diabo vai me vencer. Como um garoto de 17 anos, do interior, ingênuo, pode vencer o diabo se nem Deus consegue?
Entrei em depressão e fiquei com mágoa de Deus. Confessei-me ao padre:
- Eu vou me matar. Nossa Senhora do Carmo vai ter pena de mim, vai me colocar o escapulário e me tirar do inferno.
Ele me olhou demoradamente e respondeu:
- Não tome nenhuma atitude agora. O demônio às vezes nos perturba para testar a nossa fé; quando não consegue, abandona. Volte para a Igreja.
Era um homem honesto, acreditava piamente em suas ideias.
Um dia, ao confessar-me a ele, vi aproximar-se um Espírito. Tive outro conflito:
- Como pode o diabo entrar na sacristia?
Aliás, eu via sempre os Espíritos. No momento da Eucaristia, a hóstia tornava-se luminosa quando colocada na minha boca. Às vezes, em Feira de Santana, via o cônego Mário Pessoa aureolado. No meu entendimento (católico), ele era um santo. As pessoas na hora da fé se iluminavam e eu julgava tudo alucinação.
Quando o Espírito entrou, exclamei:
- Olha, o diabo está vindo, e é mulher!
- Você vê algum sinal particular no rosto dela? - indagou-me o Padre.
- Vejo uma verruga acima do lábio.
- E o que mais?
- O cabelo está partido ao meio, penteado com um coque atrás.
- E o que mais?
- Vejo um xale sobre os ombros, com pontas, um xale negro de xadrez.
- Pode ficar tranquilo, é a minha mãe – disse o Padre.
Ela se conectou com os centros de força da minha voz e conversou com o Padre. Quando despertei, ele me esclareceu:
- Divaldo, mamãe veio me alertar. A sua missão não é aqui, vá seguir a tarefa que Deus lhe confiou, porque o bem está em todo lugar.
Fiquei mais tumultuado, porque eu não era Espírita, tinha medo, sentia-me de certo modo alijado da Igreja, mas continuava a frequentá-la e ao Centro Espírita.
Tinha conflitos de fé, principalmente quando morreu minha irmã, por suicídio. Mamãe foi encomendar missa a esse mesmo sacerdote, um homem bom, e ouviu dele:
- Dona Ana, não posso celebrar, porque o suicida está no inferno e Deus não o tira de lá.
Foi quando aprendi a primeira lição de lógica e de psiquiatria, com uma mulher iletrada - a minha mãe:
- Padre, então eu renego o seu Deus. Se Ele não é capaz de perdoar não é digno de ser Deus. Sou lavadeira modesta e analfabeta, mas a filha que perdi, eu a perdôo; como é que Deus, que a tem, não a perdoa? Digo mais, quem se mata não está no seu juízo.
Mais tarde eu viria saber que muitos portadores de psicose maníoco-depressiva (PMD) vão ao suicídio. Aprendi muito com esse homem, com mamãe, e quando eu lhe disse que não iria mais à igreja, ela me respondeu:
- Deus está em todo lugar. Se você for justo e agir com retidão, Ele estará com você. Faça o bem, meu filho, porque a verdadeira religião é aliviar o sofrimento alheio.
A partir desse acontecimento integrei-me lentamente ao Espiritismo.
Divaldo Franco